Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, afirmou que a derrubar o decreto do IOF seria o equivalente a extinguir o programa Minha Casa Minha Vida — pelo menos em números — e os investimentos do Ministério da Defesa.
O economista explicou que isso aconteceria pois, depois dos recuos, o montante previsto pelo governo de arrecadação se aproxima de R$ 20 bilhões, sendo que, de acordo com ele, “todo o programa MCMV soma R$ 12 bilhões ao ano, todo o investimento do ministério de Defesa em equipamentos tanto da Marinha, do Exército, da Aeronáutica, submarinos e aquisição de material bélico para o Exército, caças, todos os investimentos do Ministério da Defesa somam R$ 8 bilhões”.
“Só R$ 20 bilhões seria o equivalente a extinguir todo o programa MCMV e todo o investimento do ministério da Defesa como referência”, disse Ceron durante a coletiva de imprensa sobre o resultado do governo central em abril, que apresentou um superávit de R$ 17,782 bilhões.
Além disso, Ceron afirmou que existe uma compreensão de todos os envolvidos na questão do IOF quanto à necessidade de “se endereçar, se encontrar fontes para a manutenção da execução de políticas públicas que são necessárias, sem ter um colapso do funcionamento estatal”.
Anterior à declaração, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, enfatizou que o governo terá o prazo de 10 dias para apresentar medidas alternativas à elevação de IOF.
Para completar, Motta também sinalizou que a Câmara deixou claro que a alternativa, caso o governo opte por manter as atuais alíquotas alteradas, “pode ser pautar o PDL (Projeto de Decreto Legislativo) sustando a decisão do governo”.
Nas considerações de Ceron, encontrar uma solução que permita dar fonte de recursos é importante, para que o Brasil não tenha, por um lado, “um retrocesso no processo de recuperação fiscal e permita que, de fato, as coisas continuem funcionando e funcionando bem”.
Haddad e Ceron divergem sobre ‘atuação ideológica’ do mercado
A possibilidade de que agentes do mercado financeiro possam estar agindo de acordo com base em uma ideologia gerou divergências entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, divergiram nesta quinta-feira (30).
Ceron afirmou, durante coletiva de divulgação do resultado primário, que acredita que o mercado age de forma pragmática, no que se refere à perda de credibilidade do governo com o mercado e uma possível má vontade dos agentes financeiros.
“Não acredito em má vontade do mercado. Os mercados buscam ser eficientes, o aspecto ideológico fica de lado quando se tem que fazer negócios e preços”, disse o executivo, segundo a “CNN”.
Além disso, o secretário também comentou que é papel do governo melhorar a comunicação caso haja desconfiança por parte do mercado.
“O resultado melhorou, está avançando. Nosso papel é esclarecer isso da forma adequada. Se há desconfiança, é nosso papel melhorar a comunicação”, completou.
Enquanto isso, o argumento de Haddad, expresso durante entrevista à “RedeTV!” na quinta-feira, é que os governos anteriores registraram déficits iguais ou até maiores que o da atual gestão, mas não enfrentavam o mesmo nível de críticas por parte do mercado.