A proposta de contenção de gastos públicos do governo federal segue em trâmite no Congresso Nacional, entre as medidas está a revisão do aumento real do salário mínimo. A proposta de limitar o crescimento do pagamento a 2,5% acima da inflação, como determina a regra do arcabouço fiscal, restringe o valor do ano que vem a R$ 1.517.
Comparado à regra atual, na prática o salário mínimo subirá menos, com uma diferença em torno de R$ 10, disseram especialistas, segundo apuração da “CNN Brasil”.
Na legislação atual, o salário mínimo de 2025 deve ser revisado considerando o valor pago em 2024, de R$ 1.412, com correção considerando o produto entre a inflação indicada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) dos últimos 12 meses e o PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes, no caso, de 2023.
Os cálculos de Murilo Viana, especialista em contas públicas, apontou que nesse cenário o salário mínimo de 2025 seria de R$ 1.528, mas deve ficar cerca de R$ 10,40 abaixo disso pela regra atual do pacote fiscal.
Nos últimos 12 meses, o INPC acumulou alta de 4,84%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na última terça-feira (10). Já o PIB de 2023 foi de 3,2%.
Além dele, o economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi, sustenta a mesma tese, e projetou que, com a aprovação da proposta do governo, o reajuste do pagamento deve ser de R$ 1.515,65, ou seja, R$ 8,8 menor.
Lula critica falas de Campos Neto sobre reajustes no salário mínimo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou as declarações recentes do presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, que associou os efeitos de reajustes de salário mínimo com a inflação.
Lula defendeu o trabalho do governo com a população mais pobre e afirmou que enquanto presidentes de empresas privatizadas ganham altos salários, o governo não poderia reajustar o piso salarial por riscos de impactos à inflação.
“Agora vem o Banco Central e fala que não pode aumentar o salário mínimo e que o pleno emprego pode causar inflação”, disse Lula, durante a inauguração do Complexo de Energias Boaventura, antigo Comperj.
Durante seu discurso o presidente disse que os “pobres do Rio não podem ficar nos morros, eles têm que ir para a praia de Ipanema e Copacabana”, em alusão ao plano do governo de reduzir desigualdades.
Lula aproveitou a ocasião para reiterar as críticas contra a paralisação do complexo Boaventura e disse que quer transformar a Petrobras (PETR4) “na grande empresa de energia do planeta Terra”, segundo o “Valor”.