Chamada de “Super Quarta” da inflação pelos entendidos do assunto, a agenda do dia foi marcada com a divulgação de marcadores que servem como termômetro para medir a inflação do Brasil e dos EUA.
Enquanto nos EUA houve a divulgação do CPI ( Índice de Preços ao Consumidor) referentes a março, com um resultado aquém das expectativas; no cenário doméstico, por sua vez, o mercado assimilou a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), com resultados favoráveis para a macroeconomia do País.
Inflação no Brasil
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) apresentou alta de 0,16% em março, de acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (10).
Especialistas contatados pelo BP Money explicam que com a inflação em queda, como indicado pela diminuição do IPCA, tende a influenciar um corte de juros por parte do BC (Banco Central) do Brasil.
“A taxa de juros é um balizador. Se a inflação cair, o Banco Central de cada país vai ter a conduta de também diminuir a taxa de juros”, explica o economista-chefe, Luciano Simões.
De acordo com o profissional, isso ocorre porque a inflação mais baixa sugere uma queda de preço e uma possível estabilização na economia. Por consequência, o crédito se torna mais acessível e barato para empresas e consumidores, o que pode estimular o investimento, o consumo e o crescimento econômico.
Ibovespa: otimismo e volatilidade
No contexto do mercado de ações, para Luciano Simões, uma perspectiva de queda nas taxas de juros devido à inflação mais baixa pode ser interpretada positivamente pelos investidores.
Taxas de juros mais baixas tendem a tornar investimentos em renda fixa menos atrativos em comparação com investimentos em renda variável, como ações. Isso pode levar os investidores a realocarem seus recursos para o mercado de ações, impulsionando assim os preços das ações e potencialmente elevando o Ibovespa.
“A taxa inflacionária brasileira está caindo, o que dá maior ênfase do mercado acreditar que a taxa de juros brasileira também vai cair e isso já baliza um cenário positivo de aumento do movimento de bolsa. Porque a bolsa reflete o sobe e desce do cenário natural já previamente”, avaliou.
Já para Yvon Gaillard, Fundador e CEO da Dootax, a atenção maior se dá em tom de prudência. O especialista aponta que a volatilidade deve aumentar, uma vez que para ele, há tensões inflacionárias no País.
Gaillard levanta a expectativa em relação à manutenção da taxa Selic diante da iminente mudança no comando do Banco Central no Brasil e ressalta a incerteza sobre a influência política nesse contexto.
“Muito provavelmente haverá fugas ali para o mercado de renda fixa, para títulos públicos, até porque é uma perspectiva de aumento dessa taxa de juros, principalmente no mercado americano.
O profissional prevê que a taxa permaneça estável, possivelmente devido a considerações políticas.
“É um momento de cautela para o mercado de ações, é um momento de diversificar para minimizar riscos e ficar muito atento ao movimento das bolsas de valores mundiais”, disse o especialista.
Inflação EUA
O CPI dos EUA em março superou as expectativas, levando os analistas a duvidarem da possibilidade de um primeiro corte de juros em junho e questionarem a viabilidade de o Fed (Federal Reserve) realizar os três cortes de 0,25 ponto percentual previstos em seu Sumário de Projeções Econômicas (SEP) de março.
“É um dado talvez mais preocupante nos Estados Unidos do que no Brasil”, diz Yvon gaillard.
Após a divulgação do CPI, as apostas em manutenção dos juros em junho aumentaram significativamente, passando de 42% para 79%, de acordo com o CME Group.
Além disso, as expectativas de que o Fed realize apenas dois cortes de juros ou menos este ano subiram de 44,7% para 75,8%.
Wall Street sob tensão
“O impacto no mercado financeiro, e principalmente no mercado de ações, pode ser bastante alto. Isso porque, até olhando o mercado americano, o Fed, muito provável, deve revalidar ali os aumentos na taxa de juros. Então, para segurar a inflação, remédio clássico ali, aumentou. Aumentar a taxa de juros”, completou.
Simoes completou afirmando que nos EUA, devido ao fortalecimento contínuo do mercado de trabalho em vez de um aumento do desemprego, o arrefecimento do movimento inflacionário não ocorre tão rapidamente quanto no Brasil.
Como resultado, a inclinação da taxa de juros nos EUA pode não ser tão pronunciada quanto a nossa no Brasil.
“No caso dos eua como não temos um desemprego em alta e sim um processo de mão de obra cada vez mais forte infelizmente o movimento de contexto de arrefecimento, ou seja de queda do movimento inflacionário não acontece, ou seja é mais devagar do que o nosso. ent a taxa de juros americana pode não ter o mesmo inclinação tão rápida quanto a nossa no Brasil”, afirmou.