Dizem fontes da Fazenda

Vitória de Trump amplia desafios do Brasil com inflação e juros

O Brasil e o mundo devem lidar com inflação mais forte e níveis mais altos de juro com Trump, disseram fontes da Fazenda, segundo apuração da "Reuters"

Foto: RS/Fotos Públicas
Foto: RS/Fotos Públicas

Donald Trump foi eleito presidente dos EUA nesta quarta-feira (6) e seu retorno a partir de 2025 indica um cenário econômico mais difícil para o Brasil. O mundo deve lidar com mais medidas protecionistas, pressões inflacionárias mais fortes e níveis mais altos de juros no mundo, avaliaram três autoridades do Ministério da Fazenda, segundo apuração da “Reuters”.

Uma das fontes da Fazenda apontou que o governo deve fazer reformas estruturais com mais afinco para evitar que o ambiente desafiador no Brasil após a eleição de Trump. Nesse momento, alguns aliados políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são contra as medidas de ajuste fiscal.

“Se não fizer os ajustes o dólar vai estabilizar nos 6 reais, a inflação vai para 5% ou mais e juros passam dos 13%, ficando lá até a eleição (presidencial de 2026). Não creio que alguém que queira se reeleger vai gostar de um cenário desses”, disse uma das fontes sob anonimato, segundo o veículo de notícias.

A deputada federal e presidente do PT (Partido dos Trabalhadores), Gleisi Hoffmann, comentou que a eleição de Trump pede um fortalecimento da democracia no Brasil, “mas principalmente respostas concretas às necessidades e expectativas do povo, que não cabem na receita neoliberal que o mercado quer impor”. 

Anteriormente, na terça-feira (5), ela era contra as medidas de ajuste fiscal na Saúde, Educação, seguro-desemprego, benefícios assistenciais e aposentadorias.

Trump deve ter mais abertura no Congresso dos EUA

Conforme outra autoridade da Fazenda, Trump deve encontrar condições reais de emplacar seus projetos de campanha, ao passo que a força do partido Republicano se ampliou na Câmara e no controle do Senado norte-americano.

“Tendo a achar que ele vai avançar em vários temas e esse custo vai aparecer ao longo do mandato dele. E provavelmente vai impactar o comércio global se ele levar à frente a ideia protecionista e isolacionista”, disse a fonte. 

Uma das dificuldades apontadas, segundo a “Reuters”, será no andamento da agenda ambiental, um tema caro ao Brasil.

Além disso, as novas regras protecionistas nos EUA prometidas por Trump devem ser replicadas naturalmente por outros países, o que deve elevar a inflação global, disse uma terceira fonte da Fazenda. 

Porém, a fonte também avaliou que o mundo deve se acomodar à nova realidade sem grandes choques.

“Não é o cenário ideal para emergentes no curto prazo, mas não vejo cenário de crises fortes por conta disso. O mundo terá de se acostumar com o cenário de inflação maior, juros provavelmente maiores também”, afirmou.