Um relatório feito por peritos que acompanham o processo de recuperação judicial da 123 Milhas, mostra que a agência de viagens teve despesas de R$ 7,4 milhões em dezembro. A maior parte do montante está relacionada ao pagamento de tributos e funcionários, além de gastos com serviços de tecnologia. As informações são do Estadão / Broadcast.
Este é o segundo relatório de despesas elaborado após o Tribunal de Justiça de Minas liberar R$ 23.516.504,81 para a empresa. A decisão atendeu a um pedido da agência de viagens e trata do desbloqueio de parte de valores relativos a Cédulas de Crédito Bancário no Banco do Brasil.
Quando o montante foi desbloqueado, em 1º de novembro de 2023, o desembargador Alexandre Victor de Carvalho, determinou que a 123 Milhas prestasse contas mensalmente aos peritos nomeados pela Justiça – KPMG Corporate Finance Ltda. e Juliana Ferreira Morais.
Os peritos analisaram notas fiscais, boletos, relatórios analíticos de folha de pagamento de colaboradores e comprovantes de pagamento entregues pela companhia. O quadro técnico verificou que, entre os dias 30 de novembro e 31 de dezembro, o grupo gastou R$ 7,4 milhões – cerca de 31,5% do valor liberado pela Justiça mineira.
Eles detalharam os gastos em planilhas e apontaram que a comprovação de algumas despesas estava pendente, uma vez que ‘há documentos que não foram apresentados’.
Considerando o valor gasto em novembro pela agência de viagens, o relatório aponta que o grupo da 123 Milhas já usou R$ 13,6 milhões, o que representa 58,1% do total liberado. Resta um saldo de R$ 9,9 milhões.
A 123 Milhas havia requerido o desbloqueio dos valores à Justiça mineira sob argumento de que precisava pagar credores não sujeitos e posteriores ao pedido de recuperação judicial – por isso precisavam do acesso aos recursos.
O grupo alegou que a não liberação do dinheiro poderia inviabilizar a recuperação judicial.
A empresa se comprometeu a usar o montante ‘tão somente’ para o pagamento dos custos e despesas especificadas à Justiça, com a devida prestação de contas. A lista incluía a ‘folha de pagamento, planos de saúde, FGTS, condomínios e tantas outras despesas notórias do dia-a-dia’, segundo o desembargador Alexandre Victor de Carvalho.
A avaliação do magistrado foi a de que obstar a liberação do dinheiro implicaria ‘em severo golpe no funcionamento da combalida empresa, podendo, inclusive, inviabilizar o pedido recuperacional’. Ele advertiu a 123 Milhas que o valor só poderia ser usado para o cumprimento das obrigações indicadas à Justiça, sob pena de responsabilização criminal e civil.
123 Milhas: Justiça determina retomada de recuperação judicial
A Justiça de Minas Gerais autorizou na última sexta-feira (15) a retomada do processo de recuperação judicial da 123Milhas. A decisão, comunicada pelo desembargador Alexandre Victor de Carvalho, considerou que não havia urgência no pedido feito pelo Banco do Brasil (BBAS3), credor da empresa e que tinha conseguido a suspensão do processo em setembro.
“Ainda que evidenciada a necessidade de realização da constatação prévia, a retomada do pedido recuperacional após o juízo positivo dos peritos não pode demorar, sob pena de frustração do próprio pedido recuperacional, notadamente diante do dinamismo que envolve as relações no mercado de turismo.”, escreveu Carvalho.
A 123Milhas, a HotMilhas e a Novum Investimentos entraram com o pedido de recuperação judicial no final de agosto, apontando dívidas de R$ 2,3 bilhões. Segundo balanços anexados ao processo, a 123Milhas registrou prejuízo líquido de R$ 1,67 bilhão no primeiro semestre deste ano.