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Americanas (AMER3): acordo é primeiro passo de longa caminhada 

Americanas (AMER3) / Foto: Divulgação

Na última segunda-feira (27), a Americanas (AMER3) anunciou que fechou acordo entre seus principais credores para apoio à aprovação do Plano de Recuperação Judicial (PRJ) na Assembleia Geral de Credores (AGC), convocada para 19 de dezembro.

O PSA (Plan Support Agreement) contempla a capitalização de R$ 24 bilhões, com R$ 12 bilhões provenientes dos acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – e outros R$ 12 bilhões resultantes da conversão de dívida concursal por parte dos credores.

Especialistas ouvidos pelo BP Money avaliam que este é o início de uma longa jornada que a gigante do varejo vai precisar percorrer para se reestruturar e voltar ao patamar de antes da crise financeira.

“É um passo importantíssimo que poderá contribuir para que a empresa retome uma trajetória de crescimento e recuperação de sua credibilidade junto a credores e acionistas. O acordo dará credibilidade à sua estrutura patrimonial e vai ajudar na composição de estoque e fluxo de capital entre seus fornecedores e credores e com isso dará possibilidade de projetarmos o processo de recuperação, que certamente demandará alguns anos”, analisa a estrategista de renda variável da InvestSmart, Mônica Araújo.

“Lembrando que é importante que haja também melhoria do setor de varejo, aumento de demanda, redução do nível de endividamento das famílias e da taxa de juros”, acrescentou Mônica.

O especialista da área Insolvência do Rayes e Fagundes Advogados, Brenno Mussolin Nogueira, também acredita que a varejista tem condições de ressurgir das cinzas, mas ele projeta que a crise ainda deve durar um bom tempo até que seja resolvida.

“Pelo porte da companhia, investidores de referência com preocupação do rumos da reestruturação e todo apoio de mercado, entendemos que a Americanas tem boas perspectivas de se reestruturar completamente em médio/longo prazo”, indicou.

E os acionistas?

Diante do cenário ainda preocupante, os acionistas da Americanas observam seus investimentos derreterem sem poder fazer muita coisa. De janeiro até o final de novembro, as ações da empresa acumulam perdas de 89,81%, com os papéis sendo negociados a menos de R$ 1,00 já há algum tempo. Nesta quinta-feira (30), fecharam o dia valendo R$ 0,92.

Os acionistas esperam por uma resolução rápida do problema, mas os especialistas alertam que é preciso ter calma. “Os acionistas devem continuar com bastante paciência, pois a recuperação da lucratividade e do patrimônio líquido positivo vai levar alguns anos”, disse Mônica Araújo.

“A Americanas está sendo altamente pressionada para concluir a negociação com os credores e aprovação do plano no início de 2024, de modo que a expectativa ao acionista é ter uma resolução breve do processo de recuperação judicial da companhia e início de toda operação, aliada com outras medidas estratégicas, de reestruturação e soerguimento da Americana”, complementou Brenno Mussolin.

Principais termos do Plano de Recuperação Judicial

Por fim, a varejista destaca a necessidade de obter até a data da Assembleia uma autorização societária para incluir no plano de recuperação a previsão de que as ações emitidas no aumento de capital tenham seu preço fixado de acordo com o preço médio de mercado ponderado pelo volume nos 60 dias correntes anteriores. Se essa aprovação for obtida, a Americanas prevê que o preço de emissão de cada papel será de 1,33 vezes o preço médio nesse período.

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