Recuperação judicial

Americanas pediu tempo às agências de rating antes de ter nota rebaixada

Mensagens divulgadas por jornal indicam que executivos queriam mais prazo para não prejudicar as negociações com bancos

Americanas (AMER3) / Foto: Divulgação
Americanas (AMER3) / Foto: Divulgação

A Americanas (AMER3) buscou adiar o impacto do rebaixamento de seu crédito, tentando argumentar com as agências de classificação de risco antes da divulgação da fraude contábil de R$ 20 bilhões, revelada pela varejista em 11 de janeiro de 2023, conforme noticiado pela Folha de S.Paulo.

O jornal teve acesso a mensagens de WhatsApp trocadas por executivos da empresa logo após o anúncio da fraude. Nas conversas, eles discutem estratégias para realizar reuniões com representantes das agências de classificação de risco e tentam negociar um adiamento do rebaixamento de crédito.

Em uma das conversas, a diretora de Relações com Investidores da Americanas relata sua reunião com a S&P e menciona que a agência afirmou não ter a intenção de prejudicar a varejista, mas que “não há como evitar uma revisão do rating”.

Mensagens de executivos das Americanas

Um ex-diretor financeiro da varejista expressou sua preocupação com o impacto que a alteração nas classificações das agências poderia ter nas negociações com os credores.

“Preciso de visibilidade de como foi a conversa com o rating. Não podemos ser surpreendidos com um downgrade. Temos que ter tempo hábil, em isso acontecendo, de compor com os bancos as margens necessárias para os hedges [proteções] do bonds [títulos de dívida]”, diz a mensagem divulgada pela Folha.

Os executivos foram instruídos a adotar uma postura mais firme ao negociar com as agências de rating, solicitando um prazo adicional antes do rebaixamento, conscientes da iminente possibilidade de um downgrade para default (calote).

O pedido, no entanto, não foi aceito por nenhuma das agências. Apenas dois dias após o anúncio da fraude contábil, em 13 de janeiro, começaram as revisões das classificações de risco pelas empresas.

A primeira agência a agir foi a S&P Global Ratings, que inicialmente rebaixou a Americanas para a nota B.

No entanto, posteriormente, a agência aprofundou o corte para D, equivalente a default. Em seu relatório, a S&P indicou a possibilidade de recuperação judicial, que se concretizou poucos dias depois.

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