O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) está analisando se a parceria comercial entre Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) precisará ser notificada ao órgão. A informação é do Broadcast/Estadão.
As companhias aéreas informaram em um Comunicado ao Mercado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na noite de quinta-feira (23), que firmaram um acordo de cooperação comercial para conectar suas malhas aéreas no Brasil por meio de um contrato de codeshare.
Conforme detalhado no comunicado, a parceria abrange rotas domésticas exclusivas, ou seja, aquelas operadas apenas por uma das empresas.
A chegada da operação ao Cade não se trata de uma notificação, ou seja, ainda não é possível saber se o conselho precisará ou não dar aval prévio à parceria.
Em comunicado ao mercado sobre o acordo com a Gol, a Azul não mencionou o órgão antitruste e ainda previu que a parceria estaria disponível aos clientes já a partir do final de junho.
O debate deve girar em torno da existência ou não de compartilhamento de risco na parceria. Há uma resolução do Cade que dispensa o envolvimento do órgão em alguns contratos associativos, como em negócios com menos de dois anos ou sem compartilhamento de risco.
Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) disparam na B3 após anúncio de parceria
As ações das companhias aéreas Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) dispararam na Bolsa de Valores brasileira, a B3, nesta sexta-feira (24), após o anúncio de um acordo de cooperação comercial na véspera.
O acordo prevê a integração de suas malhas aéreas no Brasil por meio de um codeshare.
O movimento foi visto pelo mercado como um indicativo de possível união entre as empresas, resultando em uma alta de 8,02% nas ações da Azul (AZUL4), cotadas a R$ 10,64, e um avanço de 14,29% nas ações da Gol (GOLL4), cotadas a R$ 1,40, às 12h39 (horário de Brasília).
Segundo análise do Bradesco BBI, o anúncio do codeshare pode representar um passo importante em direção a uma eventual fusão entre as duas companhias.
A parceria entre Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) abrange rotas domésticas exclusivas, ou seja, operadas por apenas uma das empresas, totalizando mais de 150 destinos atendidos pelas duas companhias aéreas.
“Este acordo parece mais robusto se comparado ao assinado entre a Azul e o Grupo LATAM Airlines em agosto de 2020, visto que não envolvia os programas de passageiro frequente e era restrito a 64 rotas de voos domésticos”, avalia o banco.
Em sua avaliação, o banco continua preferindo a Azul à Gol, uma vez que os acionistas minoritários da última companhia provavelmente sofrerão uma enorme diluição patrimonial devido à conversão de dívida em capital em meio ao processo de Chapter 11 nos EUA.
O Itaú BBA considera a notícia favorável para a Azul, por duas razões principais: i) fortalece o ambiente competitivo no setor aéreo brasileiro; e ii) pode gerar receitas adicionais para a Azul devido ao aumento de conectividade proporcionado pelo codeshare.
“Observamos que este acordo não depende de aprovação antitruste. Além disso, esta notícia poderá aumentar a percepção dos investidores sobre a possibilidade de uma fusão entre as companhias aéreas. Dado que a Azul voa sozinha em mais de 80% das suas rotas, a combinação dos seus negócios poderia desbloquear sinergias substanciais de receitas, além da economia de custos para a empresa combinada”, apontam os analistas do BBA.