
BTG Pactual, BGC Partners e Tullett Prebon são as corretoras que estão sendo investigadas por um suposto envolvimento no caso de um possível insider trading envolvendo a tarifa de 50% imposta ao Brasil pelos EUA.
Na última quarta-feira (9), às 13h32 (no horário da Costa Leste), um investidor ou grupo de investidores fez uma aposta massiva contra o BRL (real brasileiro), comprando USD (dólares) em um volume atípico. Manobra fez com que a pessoa se beneficiasse da tarifa imposta por Donald Trump algumas horas depois.
De acordo com o ICL (Instituto Conhecimento Liberta), os contratos futuros somaram R$ 6,6 bilhões, horas antes do anúncio das tarifas americanas contra o Brasil. Até o momento, o que se sabe é que essas transações foram operadas por meio dessas corretoras, sem informações divulgadas sobre quem seriam os beneficiários finais das operações.
A investigação do caso foi solicitada pela AGU (Advocacia-Geral da União) e está correndo no STF (Supremo Tribunal Federal).
Histórico das corretoras investigadas
O BTG Pactual já se envolveu em outro caso com informações privelegiadas. O banco já foi investigado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por suspeitas de uso de informação privilegiada em negociações envolvendo empresas do grupo de Eike Batista. Instituição foi absolvida em em 2014
A Tullett Prebon, por sua vez, tem um histórico mais contundente de punições, disse o ICL. Em 2019, a instituição financeira foi multada em £ 15,4 milhões pela autoridade do Reino Unido por práticas como os chamados “wash trades” (operações artificiais entre contas vinculadas, feitas apenas para gerar comissões)
No Brasil, a Tullett foi investigada em 2021 pela CVM por suspeita de insider trading em opções de ações da Petrobras. Segundo documentos públicos, as operações geraram lucros relevantes antes de um anúncio com impacto direto sobre os papéis da estatal.
Já a BGC Partners não tem acusação formal de de insider trading, a corretora foi alvo de diversas sanções regulatórias por falhas graves em controles. Em 2022, a Financial Conduct Authority (FCA), do Reino Unido, aplicou multa de £4,77 milhões por não detectar práticas de abuso de mercado.
A SEC, nos Estados Unidos, também multou a BGC em US$ 1,4 milhão por divulgar indicadores financeiros enganosos, prejudicando a transparência para investidores. Embora não tenha havido acusação direta de uso de informação privilegiada, a falta de mecanismos adequados de monitoramento preocupa os órgãos reguladores.