A posse de terras agrícolas tem sido um dos investimentos mais rentáveis no Brasil ao longo da última década, mas apenas para investidores brasileiros.
Estrangeiros estão proibidos de adquirir terras diretamente, e há escassez de empresas ou fundos de capital aberto que ofereçam exposição ao valor crescente das terras agrícolas, especialmente na próspera região Centro-Oeste do país.
Agora, uma gestora sediada em São Paulo está lançando cotas de um fundo de private equity, permitindo pela primeira vez que estrangeiros invistam nesse tipo de ativo, com uma meta de captação de US$ 150 milhões.
Após captar investimentos de financiadores locais, a AGBI está agora buscando atrair investidores internacionais nos EUA, Europa e Oriente Médio, conforme relatado por Mario Lewandowski, responsável pelo desenvolvimento de novos negócios.
O fundo tem um prazo máximo de até dez anos, mas planeja devolver o capital assim que as propriedades rurais forem vendidas.
“Não somos especulativos, fazemos a transformação da terra”, disse Lewandowski em entrevista à Bloomberg News. “É daí que vem a maior parte do valor.”
Lewandowski afirmou que mesmo em períodos de queda nos preços das commodities agrícolas, como ocorreu no ano passado, o valor da terra se mantém estável.
Desde sua fundação em 2012, a AGBI tem adquirido terras degradadas e as transformado em áreas produtivas para agricultura, o que tem impulsionado seu valor.
A gestora adquiriu cinco fazendas no estado do Mato Grosso e já vendeu três delas. A primeira compra, realizada em 2013 por R$ 39 milhões (US$ 7,2 milhões), foi vendida em 2021 por R$ 177 milhões.
“Há lugares populosos no mundo que não têm acesso a comida e que nunca tinham olhado para o Brasil antes”, disse ele. “Agora eles estão loucos para vir. Só precisam de um mercado mais profissional.”
Para o fundo mais recente, que adere a requisitos de sustentabilidade e visa gerar créditos de carbono, mais de R$ 80 milhões foram captados de investidores de alta renda no Brasil, incluindo family offices.