Guillen diz ser natural BC falar com setor financeiro

"Somos os reguladores das entidades financeiras e é esperado que haja essa proximidade", disse Guillen

O diretor de Política Econômica do BC (Banco Central), Diogo Abry Guillen, disse que não vê problemas na instituição ouvir o setor financeiro para tomar decisões. Ele lembrou que o BC estuda criar uma pesquisa nos moldes do Boletim Focus com empresas do setor não financeiro.

“É natural que a gente fale bastante com o sistema financeiro, somos os reguladores das entidades financeiras e é esperado que haja essa proximidade. E do ponto de vista de política monetária, essas instituições fazem previsões muito robustas, então ouvi-las contribui para tomar a melhor decisão”, afirmou, na live semanal do BC, cujo tema nesta segunda-feira (17) é “Política Monetária: por que a comunicação é tão importante?”.

“Temos uma ideia de pesquisa de estimativas com o setor não financeiro. Tal como temos o Focus, teremos um análogo com o setor não financeiro, perguntando para as empresas o que elas estão pensando. Isso não tira a importância ou a relevância do Focus, mas é uma métrica complementar que vale a pena explorar”, acrescentou.

Na ocasião, Guillen também disse que a ideia de realizar uma entrevista coletiva logo após as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) é uma tema “para se pensar”. Segundo ele, uma eventual mudança teria a vantagem de evitar quaisquer dificuldades na interpretação dos comunicadores do colegiado.

“Por outro lado, fazer imediatamente após a reunião, como faz o Fed, pode perder algum tempo de maturação do entendimento da decisão”, disse Guillen, referindo-se ao banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve.

“Na comunicação, o desafio é sempre o ruído versus o sinal. Vários BCs fazem entrevistas após a reunião, alguns após a ata e nós fazemos após o Relatório de Inflação – como outros emergentes”, afirmou, na live semanal do BC, cujo tema nesta segunda-feira é “Política Monetária: por que a comunicação é tão importante?”.

Haddad diz que prévia do PIB mostra que desaceleração “chegou forte”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reagiu à divulgação do BC (Banco Central) que mostrou que a atividade econômica brasileira recuou 2% em maio. Haddad disse que o resultado já era esperado e colocou a culpa na alta taxa de juros praticada no País.

“É como esperado, né? Muito tempo de juro real muito elevado, nós estamos preocupados, estamos recebendo muito retorno de prefeitos e governadores sobre a arrecadação”, iniciou Haddad a jornalistas.

“Então, a pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte, e a gente precisa ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de 10% o juro real ao ano. Está muito pesado para a economia”, prosseguiu.

Os dados do IBC-Br, considerado a “prévia” do PIB (Produto Interno Bruto), foram divulgados na manhã desta segunda-feira (17). A queda veio acima da expectativa do mercado, que esperava cenário estável para o mês. Em abril, o indicador havia avançado 0,56%.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem pressionado por uma redução da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, que reflete no juro real. Parte do mercado projeta um corte na taxa já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 1º e 2 de agosto.

A taxa de juros reais, da qual o ministro falou, é calculada com o abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses. O Brasil possui a maior taxa de juros reais do mundo.