Governo x Mercado

Haddad e Ceron divergem sobre 'atuação ideológica' do mercado

O ministro Fernando Haddad acredita que a gestão Lula 3 tem sido mais criticada que governos anteriores que entregaram déficits fiscais maiores

Fernando Haddad
Fernando Haddad / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A possibilidade de que agentes do mercado financeiro possam estar agindo de acordo com base em uma ideologia gerou divergências entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, divergiram nesta quinta-feira (30).

Ceron afirmou, durante coletiva de divulgação do resultado primário, que acredita que o mercado age de forma pragmática, no que se refere à perda de credibilidade do governo com o mercado e uma possível má vontade dos agentes financeiros.

“Não acredito em má vontade do mercado. Os mercados buscam ser eficientes, o aspecto ideológico fica de lado quando se tem que fazer negócios e preços”, disse o executivo, segundo a “CNN”.

Além disso, o secretário também comentou que é papel do governo melhorar a comunicação caso haja desconfiança por parte do mercado.

“O resultado melhorou, está avançando. Nosso papel é esclarecer isso da forma adequada. Se há desconfiança, é nosso papel melhorar a comunicação”, completou.

Enquanto isso, o argumento de Haddad, expresso durante entrevista à “RedeTV!” na quinta-feira, é que os governos anteriores registraram déficits iguais ou até maiores que o da atual gestão, mas não enfrentavam o mesmo nível de críticas por parte do mercado.

Para ele, há um “componente ideológico” nas análises do mercado. “Vi uma reportagem dizendo que o tal mercado erra 95% das suas projeções. Não estou querendo fulanizar, mas é preciso ter uma honestidade intelectual em relação aos fatos”, disse Haddad.

“Combatemos o gasto tributário, estamos contendo o gasto primário. O que está sendo vendido tem um componente ideológico que não ajuda”, prosseguiu o ministro.

Haddad aposta em queda do dólar e safra recorde para baratear alimentos

Entre as medidas discutidas pelo governo para diminuir o custo dos alimentos que devem ser apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta sexta-feira (24), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou a concessão de subsídios a produtores. Em vez disso, afirmou que a combinação de queda do dólar e safra recorde deverá baratear os produtos.

Como apurou o portal Investing, Haddad ressaltou que commodities (matérias primas) estão associadas à variação do dólar- que nesta semana recuo para a faixa abaixo de R$6 – e dependem da safra, que 2025 deverá ser recorde, segundo previsões do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“Não há espaço fiscal para isso, e não há necessidade de espaço fiscal para isso, porque o que vai resolver esse problema não é esse tipo de medida, é nós melhorarmos a concorrência, melhorarmos o ambiente de negócio, melhorarmos as nossas contas externas, continuarmos perseguindo esses objetivos”, disse o ministro a jornalistas, ao ser questionado sobre a possibilidade de o governo adotar ações com custo fiscal para baratear o preço de alimentos.

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