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IPCA: Especialistas vêem atratividade em ativos atrelados ao índice

Especialistas avaliam as oportunidades e o cenário como um todo, no ponto de vista do investidor

IPCA / Foto: Unsplash
IPCA / Foto: Unsplash

No acumulado do ano, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registra uma alta de 2,48%, enquanto nos últimos 12 meses o índice subiu 4,23%. Diante desse cenário, os investidores levantam a questão, se vale a pena investir em ativos atrelados ao IPCA.

Para Vinicius Ferreira, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, o cenário econômico atual é bastante desafiador. Ele aponta que estamos enfrentando uma inflação global e tensões geopolíticas, além da instabilidade fiscal interna, que agravam a situação e dificultam o controle da inflação e a redução das taxas de juros. 

Nesse contexto, Ferreira vê os ativos atrelados ao IPCA como particularmente atrativos, pois oferecem proteção contra a inflação e garantem um ganho real. Com as projeções de inflação em alta conforme o Boletim Focus, esses ativos podem proporcionar um ganho nominal maior.

Andressa Bergamo, especialista em mercado de capitais e sócia-fundadora da AVG Capital, concorda que com as projeções de inflação mais altas no Boletim Focus, os ativos atrelados ao IPCA podem se tornar mais atrativos. 

Visto que, eles oferecem proteção contra a inflação, garantindo que o retorno real seja mantido. No entanto, Bergamo alerta para a volatilidade da inflação e os possíveis ajustes na política monetária que podem impactar esses ativos.

Impacto da política monetária

Sobre a possível nomeação de Gabriel Galípolo para o Banco Central (BC) e a expectativa de uma política monetária mais flexível, Ferreira observa que ainda é cedo para afirmar com certeza a trajetória das taxas de juros. Se Galípolo adotar uma postura mais flexível e houver cortes nas taxas de juros, os investimentos em Tesouro Selic podem ver uma redução na rentabilidade. 

Por outro lado, os ativos atrelados ao IPCA podem se beneficiar de um cenário de cortes nas taxas de juros, oferecendo taxas mais atrativas, destaca Ferreira.

Bergamo acrescenta que a nomeação de Galípolo, associada à expectativa de uma política monetária mais flexível, pode levar a uma trajetória de queda nas taxas de juros. 

Isso pode aumentar a atratividade dos ativos atrelados ao IPCA, pois a remuneração real desses ativos pode se tornar mais competitiva em relação a outras opções de investimento, segundo ela. 

Investir em ativos atrelados ao IPCA pode ser uma estratégia vantajosa, especialmente em um cenário de projeções inflacionárias mais altas. No entanto, é fundamental considerar o contexto econômico mais amplo, as expectativas de política monetária e os objetivos individuais de investimento. Com uma abordagem cuidadosa e bem-informada, esses ativos podem oferecer proteção contra a inflação e um retorno real atrativo.

Riscos e oportunidades com IPCA

Ferreira enfatiza que investir em ativos atrelados ao IPCA pode ser uma estratégia interessante, especialmente em um contexto de alta inflação. No entanto, o principal risco é a possibilidade de o índice de inflação ser menor do que o esperado, o que pode afetar a rentabilidade nominal desses ativos. 

A volatilidade do mercado e as incertezas econômicas também são riscos a considerar. Em contrapartida, as oportunidades são significativas, com a parte prefixada desses ativos apresentando taxas de retorno acima do habitual, oferecendo um rendimento adicional fixo e proteção contra a perda do poder de compra.

Por sua vez, Bergamo ressalta que os principais riscos incluem a possibilidade de inflação persistentemente alta, o que pode erodir os retornos reais, e a incerteza quanto à trajetória futura da inflação e das políticas econômicas.

A liquidez desses ativos também deve ser considerada, especialmente em períodos de alta volatilidade. No entanto, as oportunidades incluem a proteção contra a perda do poder de compra e a diversificação da carteira de investimentos.

Recomendações para Investidores

Diante das incertezas políticas e econômicas, Ferreira ressalta que a recomendação para investidores que já possuem exposição em ativos atrelados ao IPCA pode variar dependendo dos objetivos financeiros e da composição atual do portfólio. 

“Manter ou até aumentar a exposição a esses ativos pode ser uma boa estratégia para proteger o poder de compra e obter ganhos reais acima da inflação”, disse o especialista em mercado de capitais.

Bergamo concorda que a decisão de manter, aumentar ou reduzir a exposição a esses ativos deve levar em conta o perfil de risco, horizonte de investimento e objetivos financeiros. Em um cenário de inflação crescente, pode ser prudente manter ou aumentar a exposição a esses ativos, mas é importante equilibrar a carteira com outros tipos de ativos para mitigar riscos.

Objetivos a longo prazo

O investimento em ativos atrelados ao IPCA, para Ferreira, se alinha bem com os objetivos de longo prazo de um investidor, pois protege contra a desvalorização do dinheiro e proporciona um ganho real. Em cenários econômicos voláteis, essa proteção é essencial para manter o poder de compra e garantir o crescimento sustentável do patrimônio.

Por fim,  Andressa Bergamo acrescenta, que esses ativos ajudam a preservar o valor do investimento ao longo do tempo, protegendo contra a inflação. É crucial monitorar continuamente o cenário econômico e ajustar a estratégia conforme necessário para garantir que os objetivos de longo prazo sejam alcançados, mantendo uma abordagem diversificada e flexível.

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