Itaúsa (ITSA4): dividendo deve voltar à média histórica de 40% em 3 anos

CEO destaca que cenário atual da companhia é uma combinação de crescimento com dividendos

Em entrevista coletiva na última terça-feira (16), o CEO da Itaúsa (ITSA4), Alfredo Setúbal, afirmou que os dividendos distribuídos pela empresa só devem voltar ao patamar histórico de 40% de payout nos próximos três anos. 

O executivo destacou, ainda, que o cenário atual da companhia é uma combinação de crescimento com dividendos. Contudo, a holding deve viver um “vale” de até quatro anos em que a distribuição de proventos será menor, próxima ao mínimo estatutário de 25% do lucro líquido. 

Segundo Setúbal, o motivo dessa estagnação é que as empresas fora do setor financeiro que são investidas pela Itaúsa estão em fase de expansão. 

No caso da antiga Duratex, a produtora de painéis de madeira tem um plano de investimento de R$ 2,5 bilhões até 2024. Por sua vez, a Alpargatas também investiu, recentemente, R$ 2,5 bilhões na aquisição de quase 50% da marca digital de calçados sustentáveis Rothy’s, nos Estados Unidos. 

Segundo o CEO, a Aegea tem investimentos enormes na área de saneamento. NTS tem planos de investimento e CCR também possui compromissos assumidos na concessão de estradas e aeroportos. O executivo ainda citou a Copa Energia, que está em processo de diminuição do endividamento, mas ao mesmo tempo se prepara para entrar no segmento de energia renovável.

Dividendos do Itaú

Ainda em coletiva, Setúbal destacou os motivos pelos quais o Itaú, que responde por 88% do portfólio da Itaúsa, reduziu os dividendos nos últimos anos. 

Setúbal destacou também os motivos pelos quais o banco Itaú, que responde por 88% do portfólio da Itaúsa, reduziu os dividendos nos últimos anos. Em relação a 2020, o executivo citou a restrição que os grandes bancos tinham de pagar acima do mínimo estatutário (25% do lucro líquido) por conta da pandemia. 

Após esse período, o CEO aponta que o banco decidiu manter o payout de 25% por conta de investimentos para ampliar a carteira de crédito. Ainda, destacou que em 2018 e 2017, o payout do banco foi atípico, na casa dos 90%, o que não deve voltar a ocorrer no médio prazo.

A meta é que, com a maturação dos negócios, os dividendos distribuídos pela holding voltem à média de 40% ou 50% do lucro líquido. Com isso, a Itaúsa projeta que, a partir do terceiro ano, os dividendos das empresas não financeiras ganhem relevância e cresçam ano a ano em relação aos dividendos do Itaú.

Acionistas

Aos acionistas, Setúbal disse que, se o investidor está recebendo menos dividendos, por outro lado, a companhia está com um ganho patrimonial relevante. Segundo o CEO, nos últimos anos, o patrimônio líquido da Itaúsa saltou de R$ 50 bilhões para R$ 65 bilhões, o que comprovaria, de acordo com ele, que a holding está mais sólida e resiliente, mesmo registrando fluxo de caixa menor. 

Ainda, o executivo defendeu que a taxa de retorno em dividendos, ou dividend yield, da companhia não é ruim, uma vez que, embora esteja abaixo do CDI, que é o principal indicador de renda fixa, ainda supera a inflação projetada para os próximos doze meses pelo Boletim Focus. 

Dessa forma, o CEO da Itaúsa projeta que o dividend yield alcance 6,5% a 7% ao ano. Para o executivo, é um yield bom, mas transitoriamente menor do que já foi historicamente. Ainda, Setúbal ressaltou que não há plano de recompra de ações no curto prazo.

Hoje, o valor de mercado da holding é 23,6% menor que a soma de suas participações, o que para Setúbal é um desconto “exagerado” e distante do “normal” de 15 a 20 por cento ao ano. 

Segundo o executivo, o desconto vai voltar para patamares mais baixos à medida que os dividendos sejam maiores e o mercado passe a dar mais valor ao portfólio de grandes empresas que foram constituídas pela Itaúsa nos últimos cinco anos.

Ainda, a estratégia da Itaúsa é distribuir pelo menos os proventos recebidos do Itaú, enquanto os dividendos pagos por outras investidas são destinados a custear a holding.

A Itaúsa paga dividendos trimestrais de R$ 0,02 por ação em janeiro, abril, julho e outubro. Além disso, são distribuídos proventos referentes aos resultados anuais em fevereiro e agosto.