O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, no sábado (25), que chegou a ficar “irritado” ao constatar o preço do arroz nos supermercados. Lula citou a decisão do governo de destinar R$ 6,7 bilhões para a importação do produto, que será comprado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
“Esta semana fiquei meio nervoso porque vi o preço do arroz muito caro no supermercado. Esta semana eu fiquei um pouco irritado porque o preço do arroz, o pacote de 5 kg, em um supermercado, estava R$ 36, no outro estava R$ 33”, declarou o presidente.
Segundo Lula, arroz e feijão são itens básicos da mesa dos brasileiros, que “não sabem e não querem abrir mão”. ” Por isso, eles têm que estar no preço que o povo mais humilde e trabalhador possa comprar”, emendou o petista.
A declaração do presidente da República acontece em meio a pedidos do setor arrozeiro do Rio Grande do Sul (RS) para que não haja importação de arroz. Produtores também solicitaram a revisão da isenção do imposto de importação para alguns tipos do grão.
“Solicitamos novamente a não intervenção do governo no mercado. Já explicamos ao governo que o que ocorre são problemas logísticos e de emissão de nota fiscal e não de oferta de arroz, pois o que houve foi um gargalo momentâneo”, disse o presidente da Federarroz, Alexandre Velho, ao Broadcast Agro.
Produtores de arroz argumentam que a oferta pelo governo de arroz a R$ 4 por quilo está descasada do mercado mundial e do preço médio do produto de R$ 5/kg a R$ 6/kg.
“Isso vai trazer desestímulo ao produtor para manter área de produção com preços abaixo do custo de produção e voltaremos a diminuir área plantada, o que foi a tônica durante o mercados nos últimos dez anos com dependência do mercado externo”, disse Velho.
Conab comprará 104 mil toneladas de arroz importado
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou um edital para a compra de aproximadamente 104 mil toneladas de arroz importado por terceiros.
Esse programa tem como objetivo evitar o aumento dos preços do produto básico devido às perdas causadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, o principal estado produtor de arroz do Brasil.
O Rio Grande do Sul geralmente é responsável por cerca de 70% da safra de arroz do País. Embora a colheita estivesse em estágio avançado antes das inundações, com mais de 80% da área já colhida, existem preocupações com especulações de preços.
Apesar disso, os produtores gaúchos afirmam que a oferta será suficiente para atender à demanda nacional.
“O governo federal não pensa em hipótese alguma concorrer com os produtores de arroz que passam por dificuldades. Nosso objetivo é evitar especulação financeira e estabilizar o preço do produto nos mercados de todo o País”, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em nota nesta quarta-feira (15).