No Magalu (MGLU3) e Via (VIIA3), prejuízo é “quase certo”

Com juros ainda altos, baixa no e-commerce e despesas financeiras, perspectiva para varejistas é negativa, segundo analistas

Com juros ainda altos e famílias endividadas no Brasil, analistas entrevistados pelo BP Money esperam terceiro trimestre de prejuízo para Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VIIA3). Os resultados devem ser afetados, ainda, por quedas no e-commerce, impactado pelo fim das restrições pela Covid-19, e despesas financeiras. Ambas companhias divulgam seus resultados nesta quinta-feira (10), após fechamento do mercado. 

“A perspectiva é que apresentem performances difíceis, sem nenhum aumento significativo no balanço”, disse Fábio Sobreira, analista chefe e sócio da Harami Research. Pelas previsões da casa, a Via deve cair em torno de 5%. Magazine Luiza deve apresentar números estáveis em comparação ao segundo trimestre deste ano.

Paola Mello, analista da GTI, tem perspectiva parecida, destacando a dificuldade de empresas inseridas no contexto do e-commerce. Segundo ela, vai ser um trimestre difícil, mas prevê que, para Magalu, os resultados devem vir também estáveis. 

“A companhia fez um esforço grande para ajustar os estoques, então esperaria que conseguissem recuperar um pouco a margem Ebitda, mas vindo, na última linha, com prejuízo”, disse. Segundo ela, a alavancagem operacional é insuficiente para cobrir as despesas.

Em seu último balanço, divulgado em agosto e referente ao meses de abril a junho, a Magalu registrou um prejuízo de R$ 135 milhões, revertendo lucro de R$ 95,5 milhões registrado no mesmo período de 2021. A Via, no entanto, reportou lucro líquido consolidado de R$ 6 milhões no segundo trimestre deste ano.

Mello também vê uma piora nas receitas da Via. “E quando isso acontece, há uma desalavancagem operacional, com contração de margem Ebitda e prejuízo”, disse a analista. 

Para João Romar, head de alocação da InvestXP Smart, a perspectiva para o balanço das varejistas é a mesma. “Não deve haver surpresa positiva, pelo menos no terceiro trimestre, visto que o cenário segue negativo, e não há previsão para queda dos juros (o que interfere diretamente no comércio de consumo cíclico)”, disse. 

O reflexo da taxa de juros alta, a 13,75%, deve aparecer em todas as companhias, segundo os analistas. A Harami Research prevê um resultado financeiro entre R$ 400 e R$ 500 milhões para ambas as varejistas, mesmo apresentando uma boa margem bruta e um bom lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês).

Eleições podem impactar desempenho de Magalu e Via no futuro?

Para Romar, as incertezas no cenário financeiro, que se apresentaram no período de eleições, ainda seguem, muito por conta do cenário interno e também da influência negativa internacional. 

Segundo ele, ao observar os dois primeiros governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 2002 e 2010, com alto incentivo de consumo varejista, o futuro seria bom para companhias como Magazine Luiza e Via. “Isso pode ser um ponto positivo na precificação dessas empresas no mercado”, apontou.

Ainda assim, ele apontou novos fatores na equação, como o fiscal que será herdado por Lula. “Não está tão redondo e a equipe econômica de Lula sequer foi definida e anunciada”, disse. 

Sobreira já não vê o setor com tanto otimismo. “É um segmento difícil e que vai sofrer bastante enquanto a taxa de juros ainda estiver alta. Por mais que Magalu e Via continuem vendendo bem, as margens líquidas continuam sofrendo. O que precisamos ver são os próximos passos econômicos e o teto de gastos”, disse.