Mercado

Marisa (AMAR3) reage após primeiro semestre desastroso

Varejista vem executando uma série de ações para tentar colocar as contas em dia

Com a conclusão do fechamento de 88 lojas em julho, a Marisa (AMAR3) finalizou a primeira etapa de sua reestruturação financeira, que se iniciou no dia 31 de março. 

Desde então, a varejista vem executando uma série de ações do seu plano para tentar colocar as contas em dia. Nesses três meses, a companhia fez alterações na diretoria, captou dinheiro, agrupou ações, firmou parcerias e mais recentemente inaugurou seu primeiro COI (Centro de Operações Integradas).

A reação da companhia neste segundo semestre se faz necessária devido às notícias nada animadoras na primeira metade de 2023. O anúncio do prejuízo de 670% no quarto trimestre de 2022, foi o gatilho para que rumores sobre o futuro Marisa começassem a ganhar força. 

O temor daquele momento era de que a companhia tivesse o mesmo destino da Americanas (AME3), que surpreendeu o mercado com a suspeita de fraude fiscal bilionária e o consequente pedido de recuperação judicial. 

A situação se tornou tão crítica, que a B3 (B3SA3) chegou a omitir um ofício questionando a empresa sobre a queda repentina de suas ações, que ficaram abaixo de R$ 1. Se os problemas já não fossem o suficiente, dois credores solicitaram a falência da companhia na Justiça de São Paulo. 

Projeção

Analistas ouvidos pelo BP Money, acreditam que o caminho é árduo, mas que Marisa dá indicativos de que deve melhorar ajustar seu caixa e operar sob menos pressão. 

“Apesar do resultado do 2T23 de prejuízo, pôde-se notar alguma melhoria com um caminho longo a ser percorrido pela Marisa. Um ponto a ser destacado é o contexto macroeconômico que prejudica o desempenho do setor de varejo no Brasil, não somente pela taxa de juros restritiva que desestimula o consumo, mas pelo aumento da concorrência no setor, avaliou o head de a da locação da InvestSmart, Gustavo Badia. 

Ainda segundo Badia, a implementação na íntegra do programa de reestruturação é importante para recuperar a rentabilidade e a credibilidade da empresa, o que ainda deve deixar o resultado de 2023 contaminado pelo impacto dessas ações.

Risco

O advogado especialista em direito empresarial do escritório Morais Prado, Vinicius Morais Prado, acredita que o plano vem demonstrado grandes efeitos na queda de custos operacionais da companhia, o que na sua visão, é um dos pontos fundamentais para que a reestruturação dê certo. 

Porém, apesar de bastante promissora, Prado não descarta que a estratégia seja insuficiente devido à grave crise enfrentada pela companhia. 

“No caso da Marisa, acredito que esses movimentos tem-se dado diante de um compliance de imensa qualidade, para prevenir e fazer com que a empresa possa economizar para manter-se no mercado. Sendo assim, em um futuro não tão distante, caso a reestruturação e renegociação das dívidas com os bancos credores não dê certo, acredito muito que veremos mais uma gigante do mercado solicitando a recuperação judicial”, alertou. 

A Marisa projetou a divulgação do seu resultado no terceiro trimestre de 2023 para o dia 8 de novembro.