A semana entre os dias 8 e 13 de dezembro de 2024 será marcada pela divulgação de indicadores econômicos. Os dados devem ditar o tom do mercado financeiro em 2025 e guiar os investimentos nos próximos dias.
Ao longo da semana, saem dados da atividade econômica, como vendas no varejo, IBC-Br e volume de serviços de outubro. Os números devem trazer informações sobre o ritmo de desaceleração da economia brasileira no 4º trimestre.
Na terça-feira (10), será publicada a inflação de novembro, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O dado deve indicar que o aumento dos preços continua rompendo o teto da meta de inflação.
O regime de metas de inflação prevê uma taxa anual de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O IPCA-15 — considerado a prévia da inflação — de novembro apontou um índice de 4,77% no acumulado de 12 meses, levemente superior ao IPCA de outubro.
O foco principal estará na decisão sobre a Selic (taxa básica de juros), que será anunciada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na quarta-feira (11). O mercado espera uma aceleração no ritmo de aumento da taxa, com analistas divididos entre uma alta de 75 ou 100 pontos-base, o que elevaria a Selic de 11,25% para 12% ou 12,25%.
“A expectativa é de um comunicado bastante hawkish em relação à última reunião, devido à deterioração do cenário econômico brasileiro no que tange à política monetária”, comentou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.
PIB desacelera e pacote fiscal segue no radar
No Brasil, o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre desacelerou, mas ficou levemente acima do esperado, indicando uma atividade econômica ainda aquecida. Segundo analistas, o mercado de trabalho segue “apertado”, com a taxa de desemprego próxima à mínima histórica e a massa salarial em níveis recordes.
Além disso, os desdobramentos do pacote de contenção de gastos continuarão no radar do mercado, ficando aquém das expectativas de especialistas.
“Enquanto o governo projeta uma economia de R$ 71,6 bilhões em 2025 e 2026, as estimativas do mercado variam entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões”, acrescentou Manzoni.
Mercado: exterior é movimentado por dados econômicos
A agenda econômica internacional também será intensa. Os destaques incluem os dados de inflação ao consumidor e ao produtor na China e nos EUA, que enfrentam cenários econômicos divergentes.
Para a China, a expectativa é sobre o fim da deflação, com os primeiros sinais dos pacotes de estímulos monetários anunciados entre setembro e novembro.
Nos EUA, o foco será se a inflação virá alinhada ao consenso do mercado, considerando que o movimento em direção à meta de 2% ao ano parece ter estagnado.
Na zona do euro, o BCE (Banco Central Europeu) deve reduzir a taxa de juros em 25 pontos-base na quinta-feira (12). A expectativa gira em torno da entrevista da presidente Christine Lagarde, que deve abordar os próximos passos para a flexibilização monetária na região. Além disso, saem dados do PIB na zona do euro, Reino Unido e Japão.
Como o Ibovespa se comportou entre 2 e 6 de dezembro
A semana entre os dias 2 e 6 de dezembro foi desafiadora para o mercado brasileiro. O Boletim Focus elevou a estimativa de inflação para 2024, agora em 4,71%. Segundo o CEO do Grupo Studio, Carlos Monteiro, essa projeção “pressiona o Banco Central a manter a Selic alta, com projeções de 13,25% até o final de 2025”.
Esse cenário afeta tanto o consumo quanto os investimentos. Em paralelo, o governo tenta equilibrar as contas fiscais com o pacote de contenção de gastos.
Na quinta-feira (5), foi aprovada a urgência para votar o projeto do pacote fiscal na Câmara dos Deputados. Contudo, na sexta-feira, surgiram rumores de resistência dos parlamentares ao texto.
Vale lembrar que o dólar alcançou a marca histórica de R$ 6,11, “impulsionado pela falta de confiança na gestão fiscal e pelas tensões geopolíticas envolvendo os EUA e os BRICS”, comentou Monteiro.
“Esse cenário vem prejudicando a competitividade da indústria brasileira e intensificando a pressão inflacionária, especialmente nas importações. Além disso, a produção industrial caiu 0,2% em outubro, refletindo os efeitos dos juros elevados e do aumento dos custos dos insumos”, acrescentou.
No último dia da semana, houve o anúncio de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), durante a cúpula do Mercosul, em Montevidéu, Uruguai.
O acordo, embora desafiador, foi bem recebido pelo mercado brasileiro.
Ibovespa na semana
- Segunda-feira (2): -0,34%
- Terça-feira (3): +0,72%
- Quarta-feira (4): -0,04%
- Quinta-feira (5): +1,40%
- Sexta-feira (6): -1,49%
- Semana: +0,22%