O que final de La Casa de Papel ensina para investidores?

Veja algumas lições sobre o mercado de ações.

Com pouco mais de uma semana de estreia da última temporada da série espanhola, La Casa de Papel, que narra a  história do maior roubo do século do Banco da Espanha, com um final inesperado, é possível tirar algumas lições sobre o mercado de ações. Sem que seja necessário haver spoilers do ápice da trama é possível abordar o enredo da série para compreender os ensinamentos sobre o mercado financeiro. Mas afinal, o que uma série sobre assalto a bancos teria de conteúdo para contribuir ao mundo dos investimentos?

O desfecho da última temporada do assalto mais famoso da história da TV se dá com o furto do ouro do Banco da Espanha, que é utilizado como reserva internacional pelo país.  A estocagem funciona como estratégia de defesa monetária e uma das maneiras de desacelerar a inflação, controlar câmbio e agir em momentos de acentuação ou desvalorização da moeda nacional; sem ela, o país se encontra economicamente vulnerável. Com o ambicioso furto, o mercado financeiro em resposta à fragilidade da economia espanhola, impulsionou uma acentuada queda nas ações, fazendo o país quebrar por algumas horas, no universo da série.
 

Foto: Divulgação 

É aí que se encontra a grande lição. Momentos de crise econômica e instabilidade financeira geram grandes incertezas no mercado de capitais e, por ser uma situação atípica, muitas pessoas acabam tomando decisões por impulso. É comum que a primeira reação seja uma movimentação alarmante no valor desses ativos, o que pode levar a atitudes precipitadas e prejuízos significativos. Por isso, é preciso saber o que fazer ao enfrentar as ações em queda.

Uma queda nas ações significa que a companhia está passando por alguma turbulência, podendo envolver fatores internos ou externos. Isso pode ser ocasionado, também, por crises políticas e econômicas. Por isso, no momento de queda, à primeira instância, deve-se avaliar quais seriam os fatores responsáveis pelo tombo da ação e ponderar se esta instabilidade tem chances de ser temporária. Ou seja, analisar se a companhia em questão, investida anteriormente, tem ou não condições favoráveis para superar as dificuldades.

Como agir durante queda da bolsa
Um bom investidor deve sempre estar atento a oportunidades, e neste cenário, ao mesmo tempo que há quem venda suas ações em épocas de queda, existem também compradores interessados em fazer bons negócios. Situações como essa são carregadas de polaridades, enquanto alguns investidores veem seus ativos de longo prazo se desvalorizando em um momento econômico difícil, especuladores da bolsa de valores tentam obter resultados positivos. Um exemplo disso são os traders que realizam operações de long e short.

Existem oportunidades na bolsa de valores mesmo quando ela está em crise, mas para poder abraçá-las é preciso saber identificar as mesmas. Se enganam os que consideram que tudo é oportunidade em um período de crise, justamente pelos preços mais baixos. É preciso analisar oportunidades na queda nas ações com algumas ferramentas.

A estratégia de long e short é uma operação que envolve, simultaneamente, uma compra (Long) e uma venda (Short) de uma ação ou outros ativos e modalidades. Ao usar esta ferramenta, a expectativa é de que a compra se valorize mais do que a venda, independentemente do que aconteça com a bolsa. No entanto, assim como qualquer outra movimentação em renda variável, requer muito cuidado e uma boa análise.

Esta é uma operação muito popular na bolsa de valores e tem como principal objetivo especular com ativos, em busca de resultados que independem da direção seguida pela bolsa de valores. A intenção é explorar a correlação existente entre os preços em determinado momento, destaca-se aqui o exemplo de uma crise na bolsa de valores, onde há maior volatilidade e possibilidade de compra de papéis abaixo do seu patamar comum, assim, é possível ganhar tanto em momentos de alta quanto de queda de mercado. Pode-se dizer que o long short aconteceu de forma bem sucedida quando, no final da operação, ao somar o ganho e a perda, ainda haja lucro, caso contrário, não foi bem efetivada.

Além disso, outra ferramenta que se faz necessária para localizar excelentes oportunidades em quedas na bolsa é a Análise fundamentalista. Uma análise criteriosa em momento de grande desvalorizações parece ser uma árdua função, no entanto, ao pesquisar quais empresas se apresentam mais resilientes em certos cenários, ajudará o investidor a direcionar os investimentos da melhor forma em momentos de crise. A análise fundamentalista é uma estratégia eficiente nesta busca, pois ela observa os fundamentos da empresa e sua capacidade de gerar lucro, através de dados quantitativos e qualitativos.

Neste sentido, é provável que companhias que não tinham bons indicadores antes da crise enfrentem maiores dificuldades para sair dela, desta forma, não se encaixam como boas alternativas na busca de lucro em quedas de bolsas. Em realidades contrárias, onde o investidor encontrou bons números ao analisar a empresa, podendo enfrentar uma crise com maior firmeza, o analista acaba de encontrar uma boa oportunidade para aplicar seus recursos.

Proteja o que já tem
Faz-se necessário destacar que mais importante do que ganhar dinheiro, em um contexto de crise, é saber como proteger o próprio capital da volatilidade presente no mercado financeiro. Há uma variedade de alternativas estáveis que não apresentam oscilação para alocar grande quantias de capital e/ou capital reserva. O investimento em renda fixa sempre servirá como guarda-chuva de insalubridades econômicas, uma vez que seus rendimentos são estáveis e seguros. Com rentabilidade previsível, pode ser fixada em um percentual mensal ou seguir algum índice como a taxa Selic, o CDI, a inflação ou outro. 

O ouro pode ser considerado uma reserva de valor por garantir a valorização do commoditie no longo prazo e funcionar como proteção e garantia contra a desvalorização do patrimônio em períodos de inflação e crise financeira. O metal possui uma demanda crescente nos momentos de maior risco na economia, no entanto sua valorização é gradual e não ocorre em curto espaço de tempo.

Além disso, o tesouro direto é uma outra alternativa promissora para alocar uma reserva, uma vez que ele oferece títulos com diferentes tipos de rentabilidade, podendo ser prefixada, ligada à variação da inflação ou à variação da taxa de juros básica da economia, como a taxa básica de juros (Selic). Por fim, apesar de não ser exatamente um investimento de renda fixa, os Fundos imobiliários são outra possibilidade para diversificar uma carteira que esteja fugindo de riscos e volatilidade.

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