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Selic: como ficam os FIIs após mais um corte na taxa de juros?

Para entender melhor o cenário dos fundos de investimentos imobiliários, o BP Money ouviu 5 especialistas para avaliar o setor

Fundos de investimentos imobiliários / Freepik
Fundos de investimentos imobiliários / Freepik

Na visão dos analistas ouvidos pelo BP Money, o mercado de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) está inclinado a ser favorecido devido à maior atratividade para os investidores e aos melhores resultados da economia.

“Estamos na sexta queda consecutiva da Taxa Selic e este movimento é benéfico para os FIIs por diversos fatores”, explica o especialista em investimentos imobiliários e diretor de operações da Neoin, Jonata Tribioli.

“Com a queda de juros, os fundos imobiliários ficam mais interessantes para os investidores que buscam rentabilidade acima da taxa de juros”, iniciou o diretor de portfólio da Acura Capital, André Carvalho ao avaliar o cenário dos FIIs.

Na última quarta-feira (20), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou a sexta redução consecutiva da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, levando-a para o patamar de 10,75% ao ano.

A taxa básica de juros é o maior custo de oportunidade para os investidores, não só no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo, pontuou o economista e sócio da A7 Capital, Kaique Fonseca. 

Fonseca explica que, no caso dos fundos imobiliários, mercado ainda dominante por pessoas físicas, percebemos a volta do investidor já no ano passado, “a queda dos juros impulsionou principalmente os fundos de tijolo que estavam quase esquecidos nos anos anteriores”. 

“O cenário de queda de juros “força” os investidores a buscarem um retorno maior, sem aumentar tanto os riscos, e nesse sentido o fundo imobiliário parece como uma boa opção”, ressaltou o economista e fundador da Eu me banco, Fabio Louzada.

Atratividade no FIIs com Selic em queda

Além de atrair novos investidores, Tribioli explica que os fundos são beneficiados pelos juros menores da Selic devido ao aumento da atividade econômica e ao crescimento da economia real.

Desse modo, o economista aponta que, a previsibilidade dos rendimentos e isenção de imposto dos dividendos tornam os FIIs uma alternativa bastante interessante ao investidor.

Já para aqueles mais conservadores, ainda nasceu uma nova forma de investir em FIIs que são os FIIs cetipados, onde o que muda é o ambiente de negociação, que nesses fundos deixa de ser a bolsa e passa a ser o mercado de balcão, assim como na renda fixa, completa. 

O analista de fundos imobiliários do Trix, aplicativo de investimentos da gestora TRX, Leonardo Garcia, destaca que, os FIIs estão desfrutando de um momento favorável, impulsionados por sólidas valorizações desde 2023 e pela realização de novas operações que combinam uma originação eficaz das gestoras com uma habilidade notável de captação de recursos. 

“Assim, os fundos que conseguem navegar com sucesso nesse ambiente de mercado estão fortalecendo suas posições para aproveitar o cenário de queda das taxas de juros”, afirmou Garcia.

“Para a classe de FIIs, esperamos um ano de 2024 positivo, especialmente para os fundos de tijolo, que continuam a demonstrar resiliência e potencial de crescimento”, completou.

FIIs em 2024

“Para a classe de FIIs, esperamos um ano de 2024 positivo, especialmente para os fundos de tijolo, que continuam a demonstrar resiliência e potencial de crescimento”, disse o analista.

Carvalho pontua que, caso haja mais reduções na taxa Selic, conforme esperado, é provável que ocorra valorização no mercado de fundos imobiliários. “Vale destacar que, os FIIs representam uma oportunidade rentável em dois cenários”. 

Os cenários listados por Carvalho são: “no ganho de capital, quando os ativos são adquiridos a um preço inferior ao de mercado e posteriormente revendidos com valorização; e no recebimento de dividendos, que são distribuídos mensalmente pelos fundos como forma de aumentar sua atratividade”.

Em 2023, os fundos valorizaram 11% e o início do corte de juros foi um fator muito importante para o resultado, comenta Tribioli. “Como a perspectiva de 2024 é finalizar o ano com 9% da taxa Selic, o mercado de FIIs segue animado e atraindo milhares de pessoas”, destacou.

Melhores oportunidades

Para Fonseca, as melhores oportunidades nesse ambiente de juros em queda são os fundos de tijolos. 

“Os fundos de papéis são atrelados aos juros e inflação que estão em patamares menores do que nos últimos anos e com isso houve queda nos rendimentos”, explicou. 

Por outro lado, o economista da A7 Capital, explica que os fundos de tijolos, tornam-se cada vez mais atrativos em ambiente de juros baixos, isso devido ao valor patrimonial dos fundos que é descontado pelas taxas juros e pela diferença entre o rendimento do CDI e dos dividendos desses fundos, oriundos dos aluguéis. 

Na visão da A7 Capital, a classe de tijolo irá novamente performar melhor que a dos recebíveis, e mais especificamente os fundos de lajes corporativas. “Pois essa classe parece menos aquecida, até por oferecer dividendos menores que as demais, como shoppings e logística, porém, já percebemos que a demanda por lajes”. 

“Por conta da queda na taxa de juros, existem mais oportunidades para FIIs de Tijolo, que apesar de terem subido bastante em 2023, ainda estão bastante descontadas”, ressaltou Louzada.

Com um número maior de vendas no comércio e nos serviços, o especialista em investimentos imobiliários, em linha com os demais especialistas, ouvidos pelo BP, destaca que o fundo de tijolo, entra em destaque pela valorização dos ativos. “A perspectiva é que as cotas dos FIIs valorizem de 20% a 40% neste ano”.