XP (XPBR31) tem captação líquida de R$ 16,2 bi no 1T23

A XP fechou o 1T23 com R$ 954 bilhões em ativos de clientes, alta de 9% frente a um ano antes

A XP (XPBR31) reportou que teve uma captação líquida de R$ 16,2 bilhões no primeiro trimestre de 2023. O valor equivale a uma queda de 65% na comparação com o mesmo período do ano passado, conforme prévia operacional divulgada nesta terça-feira (25).

A companhia fechou o 1T23 com R$ 954 bilhões em ativos de clientes, alta de 9% frente a um ano antes. Já os clientes ativos somavam 3,97 milhões, avanço de 13% na mesma base de comparação. Com informações da “Reuters”.

Benchimol reconhece erros na XP e dá dicas a novos empreendedores

Guilherme Benchimol, fundador da XP , comentou sobre os últimos meses da companhia e reconheceu alguns erros, que rapidamente foram corrigidos. 

“Eu errei um monte de vezes, mas foram pequenos, onde eu corrigi rápido. Você pode errar milhões de vezes, desde que você corrija rápido”, explicou Benchimol durante o G4 Day, do G4 Educação, evento em São Paulo que reúne empresários em debate sobre excelência, no qual o BP Money esteve presente.

Segundo ele, o problema foi o crescimento desenfreado na pandemia e as altas contratações, que dispersaram a cultura da empresa. De 3 mil funcionários pré-Covid, a companhia saltou para 7 mil. No início, a redução de custos fixos, sem os escritórios, animou o empresário, mas os problemas apareceram.

“Depois de um tempo, a gente foi percebendo que funcionava só em áreas específicas, tipo tecnologia. Quando você vai contratando muita gente e elas ficam espalhadas, você perde a identidade da cultura, e aí a gente quis voltar para o dia a dia. A gente corrigiu a rota e temos convicção de que o que funciona era o que éramos”, relembrou.

Dicas de Benchimol

Aprendendo com os erros, o presidente do Conselho de Administração da XP também deu dicas para novos empreendedores sobre o mercado. Segundo ele, como o atual cenário é desafiador para alavancagem e as empresas que precisarem de dinheiro para crescer, irão sofrer.

Por conta disso, o caminho que ele recomenda é eliminar algumas iniciativas que não dão tanto retorno e focar na melhor oportunidade. “Tomar dívida onde o juros está 14% ao ano, é um desafio. O empresário que vai tomar dívida, hoje, não é só 14%, é CDI mais 5 % ao ano. O empresário tem que ter uma margem muito boa. Meu desafio hoje é cometer pequenos erros”, disse.

E ainda completou: “A gente teve uma mudança há dois anos e esses empreendedores que tiveram essa oportunidade de acessar capital para acelerar business, eu não gosto. Eu gosto de um passo de cada vez. Devagar é rápido no empreendedorismo, você tem que consolidar suas teses, tem que construir uma matriz que faça sentido. Então esses fundos que entram e te colocam uma pressão muito grande para acelerar, no final, vão ter 30 investidos e um vai dar certo”, disse.

Por conta disso, os novos empreendedores estão com a visão de que precisam vender e crescer para, mais para frente, arrumar o caixa. Isso, em sua visão, não é o ideal, já que o empreendedor irá mudar de opinião diversas vezes até chegar no formato do seu modelo de negócios. “Eu só fui ter a clareza do que eu queria, depois de uns cinco anos, quando a coisa já estava mais robusta”, relembrou.

Baseado em sua história de vida e fundação da XP Inc., onde ele começou com R$ 10 mil e um carro financiado, Benchimol conta que é mais importante ter visão de longo prazo e que empreender é, às vezes, se manter vivo por 10, 20 anos. “Doze meses depois de ter iniciado a XP, eu quase quebrei. Tive que vender meu carro e meu sócio teve que me emprestar R$ 5 mil para eu não perder a empresa, em meados de 2002”, disse.