Mundo

JP Morgan publica estudo sobre mercado; entenda principais pontos

Relatório mostrou que, na última década, investimentos em Big Techs se destacaram positivamente

O banco JP Morgan publicou um estudo de 70 páginas sobre os mercados e a economia mundial nesta segunda-feira (10). O especialista em investimentos João Marcos Viso, em sua conta oficial do Twitter, destrinchou 14 pontos principais do estudo.

Como primeiro ponto, ele destaca que desde 1926, os ciclos de alta no mercado duraram 51 meses e renderam 162%, em média. Já os ciclos de baixa duraram 20 meses e renderam -41%, em média. “A noite é curta no mercado americano”, disse Viso.

Em segundo lugar, o banco JP Morgan, em relatório, pontua que o longo prazo é o caminho. Como explicou Viso, quanto maior o prazo dos investimentos pessoais, mais lucrativos e menos voláteis eles são. “Desde 1950, as stocks não tiveram nenhuma janela de 20 anos com resultado negativo”, enfatizou.

A era de ouro das Big Techs aparece como destaque no terceiro lugar. Isso porque o estudo mostrou que, na última década, o melhor investidor foi aquele que investiu em ações de empresas grandes de crescimento, obtendo rendimento a uma taxa de 14.6% ao ano.

“Desde 2008 o melhor ‘estilo’ para investir foi em empresas de baixa volatilidade. Ele rendeu 9,5% ao ano e teve a menor volatilidade entre todos os estilos. Os estilos Momentum e Quality ficaram no 2 e 3 lugar. O pior estilo foi Small Caps”, explicou Viso.

O que o JP Morgan explicou sobre o juros e o PIB?

De acordo com o especialista, o relatório comenta que uma alta de 1% dos juros causa uma queda de -14% nos títulos de 30 anos do Tesouro americano. O impacto é o mesmo em todos os ativos que vão gerar caixa muito no futuro, como ações de alto crescimento.

“Apesar de toda essa alta dos juros americanos, o juro real (descontada a inflação) ainda é negativo. Tem espaço para subir ainda mais (e impactar stocks)”, disse.

Já em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), Viso traz como destaque do estudo que, desde 2001 o PIB americano cresceu, aproximadamente, 2% ao ano. Com isso, na hora de calcular o valuation das empresas, não vale assumir que a companhia vai crescer mais do que isso na perpetuidade.

Movimento de ações e setores

Visa também cita que, segundo o JP Morgan, a confiança do consumidor é um indicador do que não vai acontecer: quando ele está pessimista, ou seja, menor do que 60, as ações costumam render mais de 20% nos 12 meses seguintes.

“Desde 2010 o setor tech é o mais lucrativo em termos de margem operacional. Mas o que chamou minha atenção foi a volatilidade absurda do setor imobiliário (real estate)”, pontuou.

Para o banco, óleo e gás (energia), imóveis, matéria-prima e finanças são setores onde um pequeno aumento da receita faz o lucro multiplicar bastante. “Curiosamente são os setores mais voláteis. Qualquer pequena queda na receita também é multiplicada”, disse Viso.

Em sua análise do estudo, os imóveis estão caros. “A diferença entre o que você ganha com aluguel e o que você ganharia com a renda fixa está em 1,2%, muito abaixo da média. Será que o preço dos imóveis vai cair para compensar essa diferença?”, comentou.

Para os investidores de commodities, segundo o relatório, o retorno não compensa. Isso porque é necessário conhecer os ciclos das commodities: em 21 anos, elas renderam apenas 57%.

Pequenas empresas X Grandes empresas

O especialista volta a atenção para o dado que mostra que, desde 1998, cada vez mais empresas da bolsa americana vêm registrando prejuízos – e questiona: “Menos empresas lucrativas. isso indica que o mercado está ficando concentrado?”.

Já as grandes empresas americanas vêm ficando cada vez mais confortáveis no trato com sua dívida: o lucro do negócio (Ebit) é mais do que suficiente para pagar os juros da dívida, segundo Viso. A situação das small caps, por sua vez, não mudou muito desde 1998.