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Marks: otimismo com corte de juros nos EUA é um risco para 2024

Megainvestidor avalia expectativas do mercado norte-americano e faz indicações de investimentos para este ano

Howard Marks, cofundador da Oaktree Capital Management, acredita que o otimismo do mercado norte-americano em relação ao corte de juros é um dos principais riscos para 2024. O megainvestidor identifica que o consenso está precificando uma queda de juros mais intensa do que a sinalizada pelo Federal Reserve (FED), e isso pode resultar em decepção. 

Marks se manifestou durante o Onde Investir 2024, evento online do InfoMoney, e deu destaque ao fato do Fed ter apresentado uma expectativa de 3 reduções nos juros ao longo de 2024. As taxas apresentadas foram de 4,75% para 4,5% ao ano frente aos atuais 5,5% a 5,25% anuais. Apesar disso, o que o consenso espera são 5 cortes para a linha de 4%.

O megainvestidor também afirmou ser preocupante que o otimismo esteja sendo precificado no mercado de títulos e no mercado financeiro como um todo. Ele acredita que o mercado tenha se empolgado além da conta, mesmo vendo a inflação e não duvidando do ínicio de cortes em 2024. 

 “Quando o otimismo é incorporado aos preços do mercado há espaço para decepções. E, se houver decepções, teremos perdas”, disse Marks.

A visão de Howard Makrs sobre a renda fixa

Marks não considera que os juros americanos estejam “tão altos”, apesar de estarem no maior nível nos últimos 15 anos. Para ele, apenas superam os níveis das últimas décadas, mas isso não significa que se trata de um patamar elevado demais.

Segundo ele, o problema estava no cenário anterior de juros reais negativos, que não teria sido saudável para os mercados e nem para os investimentos, por causa de distorções nas decisões de risco e na disponibilidade de dinheiro no mercado. 

“As pessoas conviveram com rendimentos baixos por tanto tempo que se acostumaram com esse ambiente, presumiram que seria sempre assim e perderam o interesse em títulos de renda fixa”, avaliou.

A expectativa de Howard é de que o novo ciclo de cortes do Fed não leve os juros à faixa em que estavam antes do aperto monetário. Ele estima a redução em um nível intermediário, entre 3,5% e 3,0% anuais. Nesse cenário, em sua visão os títulos de renda fixa voltam a ter atratividade e fluxo mais restrito para ativos de risco.

Sua recomendação é de que as pessoas deveriam incluir esses papéis em suas carteiras. “Voltamos a um ambiente mais normal de taxas de juros e os títulos de renda fixa oferecem retornos substanciais”, disse.

Recomendação para o Brasil

Para os investidores brasileiros a renda fixa dos EUA também seria algo positivo, que pode oferecer estabilidade para a carteira de investimentos, pois se trata de um título seguro, na maior economia do mundo, é a visão de Marks.

Para o cofundador da Oaktree Capital Management, a diversificação internacional é algo importante, principalmente em um país mais instável como o Brasil. Ele aponta que a volatilidade é um traço característico do mercado brasileiro, além de oferecer muito risco, embora veja muito potencial e um “grande futuro” para a economia nacional. 

“Se você investir em títulos de alto rendimento dos EUA pode obter algo em torno de 8% ao ano de forma confiável, mas não todos os anos. Em alguns mais, em outros menos. Mas ao longo do tempo será 8%. Acho que esse é um bom número”, explicou ele.