Após 25 anos de negociação, os líderes do Mercosul e da União Europeia (UE) anunciararam nesta sexta-feira (6) um acordo de livre comércio entre os dois blocos econômicos. A cerimônia ocorreu em Montevidéu, Uruguai, durante a cúpula do Mercosul.
Estiveram presentes na ocasião os presidentes dos países sul-americanos, como Javier Milei (Argentina), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Santiago Peña (Paraguai), além do anfitrião Luis Lacalle Pou (Uruguai), e a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.
Desde 1999, Mercosul e União Europeia trabalham no desenvolvimento de um acordo de livre comércio entre os blocos.
Concretização das negociações do Bloco
Na quinta-feira (5), o chanceler do Uruguai, Omar Paganini, confirmou que as negociações entre as delegações foram finalizadas. Especialistas consideram o acordo um saldo positivo para o Brasil, podendo trazer benefícios para a economia do país.
Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a assinatura do acordo pode resultar em um crescimento de 0,46% na economia brasileira entre 2024 e 2040, além de impulsionar os investimentos em 1,49%.
Quais países europeus são contra e quais são a favor do acordo?
Para o Mercosul, o acordo significa uma oportunidade de ampliar a exportação de produtos agrícolas e matérias-primas, gerando empregos e fomentando o crescimento econômico. Mas, para isso, vai ser preciso atender padrões sanitários e ambientais rigorosos, impostos pela UE.
Mas o protecionismo agrícola da UE está entre os principais impasses para o acordo. Países como França e Irlanda se preocupam com a competitividade que o acordo pode trazer.
“A recente rejeição do acordo pela Assembleia Nacional da França evidenciou a força desse protecionismo, que também utiliza questões ambientais e trabalhistas como justificativas para impor barreiras”, pontua o advogado especializado em Políticas Públicas Marcello Rodante.
Nesse contexto, são utilizados como argumento o desmatamento da floresta amazônica e o episódio de trabalho análogo à escravidão em vinícolas brasileiras. Mas o protecionismo também ganha força, uma vez que muitos países da UE têm uma produção agrícola altamente subsidiada.