Mundo

Super ricos querem ter fortunas taxadas: “pedimos que nos tributem”

Objetivo da proposta é combater desigualdades e possibilitar melhoras nos serviços públicos

Uma carta assinada por mais de 250 bilionários e milionários de todo o mundo trouxe um pedido que a princípio pode parecer inusitado. Simbolicamente endereçada aos líderes mundiais que participaram do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suiça, a carta pede que as fortunas dos mais ricos sejam taxadas. O objetivo da proposta é combater as desigualdades e possibilitar melhoras nos serviços públicos às populações em todo o mundo.

“Nosso pedido é simples: pedimos que nos tributem, os mais ricos da sociedade. Isto não alterará fundamentalmente o nosso nível de vida, nem privará os nossos filhos, nem prejudicará o crescimento econômico das nossas nações. Mas transformará a riqueza privada extrema e improdutiva num investimento para o nosso futuro democrático comum”, diz um trecho do documento.

Os signatários de carta são pessoas ricas de 17 países, entre os quais estão a herdeira do império Disney, Abigail Disney; o ator e roteirista Simon Pegg; Valerie Rockefeller, herdeira da dinastia de sua família; Ise Bosch, neta do industrial alemão Robert Bosch e o músico e compositor Brian Eno, além do ator da série Succession, Brian Cox.

O grupo quer entregar a carta intitulada Proud to pay (“Orgulhosos em pagar”) diretamente aos líderes mundiais reunidos em Davos.

Um novo estudo divulgado pelo grupo de defesa Patriotic Millionaires revela que 75% dos super-ricos apoiam um imposto sobre a riqueza de 2% sobre os bilionários. 66% dos ricos que participaram da análise concordaram que apoiariam impostos mais elevados sobre si próprios se as receitas. Mais da metade (54%) concordam que a concentração de riqueza extrema é uma ameaça à democracia.

O relatório entrevistou 2.385 pessoas que vivem em países do G20 e que detêm mais de 1 milhão de dólares em ativos para investir, excluindo a sua habitação. O próprio Patriotic Millionaires também é um dos grupos por trás da carta aberta.

Brasileiro na lista

O único brasileiro a assinar a carta é João Paulo Pacifico, fundador do grupo de investimentos Gaia. O empresário de 45 anos, atua como escritor, ativista e conselheiro do Greenpeace. Autor dos livros “Onda Azul” e “Seja Líder Como o Mundo Precisa”, ele foi apresentador de programas na Rádio Globo, assinou colunas e escreveu artigos sobre bem-estar corporativo. De acordo com o jornal “O Globo”, atualmente, ele investe em projetos sociais e colabora com as cooperativas do Movimento dos Sem Terra (MST).

Em 2009, Pacifico fundou a empresa de investimentos Grupo Gaia, pela qual inseriu cooperativas agrícolas ligadas ao MST no mercado financeiro. No entanto, em 2022, a Gaia foi doada para uma ONG, que reverteu o valor em projetos de impacto social, como a criação de moradias populares. Com a doação, a empresa continuou existindo no mesmo modelo, mas os sócios deixaram o cargo e seguiram na companhia como funcionários.