A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara dos Deputados que investiga a fraude fiscal bilionária das Americanas (AMER3) deve ouvir o ex-presidente da companhia Sergio Rial, provavelmente em agosto.
Segundo os integrantes da CPI, o depoimento de Rial deve ser um dos mais importantes da comissão. No início do mês, o ex-CEO se tornou réu em um processo administrativo no âmbito da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Ele é acusado de supostamente não ter informado devidamente os investidores sobre o que havia ocorrido na Americanas.
De acordo com o portal Metrópoles, parceiro do BP Money, os próximos depoimentos devem acontecer apenas no início de julho. Além de Rial, a ideia dos parlamentares é ouvir pelo menos nove ex-diretores da companhia, que não tiveram os nomes divulgados até o momento.
A comissão também deve convocar representantes de auditorias como a PwC e a KPMG. As empresas não detectaram o rombo bilionário na Americanas.
O escritório de advocacia Daniel Gerber, representante dos acionistas minoritários da Americanas, vai retomar uma ação cautelar na Justiça contra as empresas de auditoria, além de integrantes da diretoria e do conselho de administração da varejista. A medida também pode alcançar os acionistas de referência da varejista, Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, membros do 3G Capital.
Americanas acelera novos balanços trimestrais para acordo
A Americanas está correndo para finalizar seu balanço do quarto trimestre, enquanto redobra os esforços para obter apoio dos credores ao plano de recuperação judicial, segundo fontes próximas ao assunto.
A Americanas, que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro após descobrir um rombo contábil de 20 bilhões de reais, agora negocia mudanças no plano para conquistar os debenturistas que indicaram anteriormente que o rejeitariam.
Ao mesmo tempo, a empresa está preparando os demonstrativos financeiros auditados, disse uma fonte da empresa, que pediu para não ser identificada, à medida que a Americanas busca tranquilizar os credores de que as dimensões do escândalo contábil foram plenamente divulgadas. Desde o anúncio inicial, em janeiro, a Americanas descobriu mais 4 bilhões de reais em fraudes contábeis.
Essas etapas são consideradas essenciais para que a empresa possa cumprir com os prazos e evitar o adiamento da aprovação do plano de recuperação judicial da empresa, acrescentou a fonte.
Embora a apresentação de um demonstrativo contábil auditado não seja obrigatória para a realização de uma assembleia geral, é essencial “convencer” os credores a aprovar o plano de recuperação, disse a fonte, uma vez que eles terão uma participação maior na empresa como parte de uma proposta de conversão de 10 bilhões de reais de dívida em ações.
A Americanas disse em comunicado ao mercado que espera divulgar suas demonstrações financeiras passadas até 31 de agosto, acrescentando que essa é a “melhor estimativa” da empresa.