Durante a teleconferência sobre o balanço do terceiro trimestre da Vale (VALE3), nesta quinta-feira (25), o CEO da companhia, Eduardo Bartolomeo, afirmou que a produção de minério de ferro do período foi a maior em cinco anos, com alta de 6% na comparação anual. Contudo, o crescimento não refletiu no resultado financeiro.
Após reportar uma queda de 9% no lucro líquido, para US$ 1,679 bilhão, a Vale (VALE3) viu suas ações derreterem no pregão desta quinta-feira. A companhia encerrou a sessão com uma contração de 2,11%.
Os resultados fracos da Vale se devem especialmente ao mercado global. O analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, explicou ao BPMoney que independente do bom volume de produção, a diluição de custos pesou muito mais no balanço trimestral.
Arbetman sinalizou que o resultado não foi tão grave por conta das pelotas. Elas são negociadas cerca de 45 dias antes do fechamento do trimestre. Ou seja, a precificação é diferente do minério de ferro, que tem sua cotação oscilando pregão a pregão, seguindo o humor do mercado.
As pelotas geralmente são extraídas do ferro da mina, que normalmente é moído a um nível muito fino e misturado com calcário ou dolomita, conforme explicou o “Metso”.
Queda da Vale (VALE3) era esperada pelo mercado
Vale lembrar que a queda no lucro da Vale já era esperada pelo mercado. Grande parte das receitas da mineradora decorre da produção e comercialização de minério de ferro. Nessa perspectiva, o recuo nos preços da commodity afetou diretamente os resultados da organização.
Nesse sentido, Arbetman também pontuou o nível de pureza do minério produzido (cerca de 62%) pela empresa, que poderia ser muito maior. Mas ele acrescentou que essa redução no nível de pureza foi uma adequação da mineradora à demanda do mercado.
“Temos um mercado, nesse momento, que não é um comprador de minério de qualidade. Isso conversa muito com o fato de ainda haver margens siderúrgicas muito baixas na China. Além disso, o mercado está pagando um prêmio negativo”, explicou Arbetman.
Nesta quinta-feira, os contratos do minério de ferro para setembro fecharam o pregão com alta de 1,55%, a 884 yuan (US$ 122) a tonelada. A alta veio em meio a uma repentina alta demanda pela commodity.
Mesmo com resultado fraco, analista tem bons olhos para ações da empresa
Na perspectiva do gestor financeiro Marlon Glaciano, vale lembrar que a empresa manteve suas projeções de investimento, mas reduziu o valor para tal. “O valor de expansão de Serra Sul para US$ 2.8 bi que inicialmente era US$ 1.5 bi”.
O projeto, segundo a empresa, consiste no aumento de capacidade da mina e da usina S11D em 20 Mtpa (milhões de toneladas por ano), totalizando 120 Mtpa.
Glaciano acrescenta que faz sentido manter papéis da companhia na carteira. “Existe a expectativa de que os atuais níveis de preço do minério de ferro são atrativos quando pensamos em dividendos já para o próximo semestre”.
Em fevereiro, o Conselho de Administração da Vale aprovou a distribuição de um valor total bruto de R$ 2,738617408 por ação.