Imagem criada por inteligência Artificial (IA)
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A liquidação do Banco Master, anunciada pelo Banco Central nesta terça-feira (18), reacendeu o alerta sobre a possível quebra de instituições financeiras e seus efeitos em confiança, regulação e estabilidade. Embora episódios assim tenham se tornado menos frequentes após avanços regulatórios recentes, o Brasil acumula um histórico de colapsos bancários que moldaram o arcabouço prudencial e impulsionaram a criação do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).

A seguir, veja os cinco casos mais emblemáticos das últimas décadas, e o que cada um deles representou para o sistema financeiro.

1. Banco Econômico (1995) rombo histórico

Fundado em 1834, o Econômico era o banco privado mais antigo do país. A instituição baiana entrou em colapso após o Plano Real, quando a estabilização da economia expôs fragilidades que haviam sido mascaradas por anos.

Investigações posteriores revelaram que o patrimônio líquido era fictício e que o buraco financeiro chegava a R$ 15,8 bilhões, tornando-se o maior rombo já registrado em uma instituição financeira brasileira. Tentativas de resgate envolvendo grupos como Odebrecht e Ultra não vingaram, e o banco acabou liquidado.

A crise marcou a agenda regulatória do BC e abriu caminho para programas de socorro e reestruturação, como o Proer.

2. Banco Nacional (1995) fraude bilionária 

Também em 1995, o colapso do Banco Nacional se tornou um símbolo do risco sistêmico no país. Uma das maiores instituições privadas do Brasil à época, e patrocinadora de Ayrton Senna, o banco ruiu após a descoberta de 652 contas fictícias usadas para esconder prejuízos.

O rombo foi calculado em cerca de R$ 8 bilhões, revelando a dimensão das fraudes contábeis. O episódio acelerou a criação do Proer e fortaleceu definitivamente o FGC, instituído naquele mesmo ano para proteger depositantes e investidores de varejo.

3. Bamerindus (1997) do auge continental à liquidação

Com atuação robusta no Paraná e presença continental, o Bamerindus foi uma potência nos anos 1970 e 1980. O choque do Plano Real, porém, expôs problemas na gestão e fragilidades estruturais.

Em 1997, o BC decretou intervenção. Parte dos ativos foi adquirida pelo HSBC, enquanto o resto foi liquidado. As perdas passaram de R$ 5 bilhões, e o FGC precisou desembolsar mais de R$ 3,7 bilhões para honrar os depósitos, valor equivalente a cerca de R$ 20 bilhões em termos atuais.

O caso se tornou um divisor de águas para o papel do FGC nas quebras bancárias.

4. Banco Santos (2005) Maquiagem contábil e intervenção federal

Controlado pelo empresário Edemar Cid Ferreira, o Banco Santos colapsou após anos de fragilidade mascarada por liquidez artificial e balanços maquiados.

O BC interveio em novembro de 2004 ao constatar patrimônio negativo de cerca de R$ 700 milhões e descumprimentos sistemáticos de regras prudenciais. A falência foi decretada em 2005.

O caso se tornou emblemático pela combinação de má gestão, governança falha e fraudes sofisticadas, além da repercussão envolvendo o patrimônio pessoal do controlador.

5. Cruzeiro do Sul (2012) + BVA (2013)  A era das fraudes modernas

O colapso do Banco Cruzeiro do Sul, decretado em setembro de 2012 pelo Banco Central, é considerado o primeiro grande caso da nova geração de fraudes bancárias no país.

Especializado em crédito consignado, o Cruzeiro do Sul expandiu agressivamente sua carteira nos anos 2000, surfando a popularização do produto. O problema: parte relevante desse crescimento foi construída sobre operações simuladas, empréstimos inexistentes e saldos inflados.

A instituição foi liquidada após irregularidades e manipulações que geraram um rombo superior a R$ 2,2 bilhões.

BVA (2013)

Voltado ao crédito corporativo e à gestão profissional de recursos, o BVA entrou em liquidação por conta de fraudes e má gestão de risco. O FGC desembolsou cerca de R$ 1,2 bilhão para cerca de 5 mil investidores, principalmente detentores de CDBs e LCIs.

O caso gerou ainda discussões jurídicas sobre o limite da garantia, pois a intervenção ocorreu pouco antes da elevação do teto para R$ 250 mil por CPF.

Por que isso importa agora

A quebra de bancos no Brasil se tornou menos frequente desde os anos 2000, mas os episódios recentes, e especialmente o caso do Banco Master, apontam que o risco ainda existe, sobretudo em instituições de menor porte e com modelos de negócio mais agressivos.