
As investigações do MPSP (Ministério Público de São Paulo) envolvendo o empresário Sidney Oliveira, fundador da rede Ultrafarma, avançaram nas últimas semanas. Movimentações envolvendo lojas licenciadas pelo empresário estão sob atenção da promotoria.
Nos últimos dois meses, Oliveira abriu uma série de processos contra lojas licenciadas da marca Ultrafarma Popular por suposta inadimplência.
A Operação Ícaro, anunciada em agosto pelo MPSP, investiga um suposto esquema bilionário de propinas envolvendo a chefia de fiscalização da Secretaria da Fazenda, que liberaria créditos de ICMS para varejistas de forma irregular.
Detalhes das ações
Entre os processos está um caso contra três lojas da Ultrafarma Popular cujo proprietário, Julio Salvador Filho, já foi denunciado em 2023 na Operação Copa Livre, no Rio Grande do Sul, por suposto esquema de desvio de recursos públicos.
As lojas, inicialmente Ultramais Drogarias, mudaram para a marca Ultrafarma Popular há cerca de três anos, quando o licenciamento foi negociado.
Quadro societário
Um dos pontos que chamou atenção da promotoria é o quadro societário das unidades. Em uma das lojas licenciadas, Salvador figura como sócio de Karla Korek Farias, esposa de Paulo Korek Farias, também denunciado na Operação Copa Livre. As lojas têm capital social de R$ 1 mil e funcionam em imóveis de pequeno porte em bairros da zona leste de São Paulo e cidades do interior.
Modelo de expansão
A Ultrafarma lançou o modelo de lojas licenciadas em 2018, com o objetivo de crescer sem altos investimentos próprios, vendendo produtos da marca às unidades licenciadas. O projeto foi suspenso em 2022, após projeções agressivas de expansão: em 2020, Oliveira previa mil unidades da Ultrafarma Popular e crescimento de 400% nas vendas das lojas licenciadas.
Suspeita de delação
O MPSP também avançou no acordo de delação com Artur da Silva Neto, chefe de fiscalização da Secretaria da Fazenda, apontado como peça central em suposto esquema de corrupção. Segundo investigações, valores de propina teriam sido pagos por varejistas, incluindo Ultrafarma e Fast Shop, por meio de empresas de fachada, para liberação acelerada de créditos de ICMS. Estima-se que o esquema tenha movimentado mais de R$ 1 bilhão.
Cobranças recentes
Nos últimos dois meses, a Ultrafarma moveu ações cobrando valores de R$ 15 mil a R$ 93 mil, além de pendências antigas desde 2021, incluindo lojas que já fecharam. As dívidas envolvem atrasos no pagamento de produtos e royalties da marca.
Em agosto, o escritório de Oliveira protocolou oito ações em quatro dias, logo após a Justiça determinar a soltura de Oliveira, que ficou preso por cinco dias durante investigações do MPSP.
Entre os casos recentes, destaca-se a Drogaria WM Oliveira, que teve o processo extinto em 31 de outubro de 2024 por “liquidação voluntária”. A Ultrafarma ainda cobra R$ 30 mil da loja e R$ 629 mil do empresário controlador da rede.