Fim de uma era

Pix Parcelado: o cartão de crédito nunca mais será o mesmo

Descubra como o Pix Parcelado, que estreia em setembro, pode revolucionar os pagamentos no Brasil e desafiar o domínio do cartão de crédito

ilustração do pix parcelado
Ilustração do PIX parcelado / Foto: Feita por Inteligência Artificial

O Banco Central anunciou que o Pix Parcelado começa a operar em setembro. E eu sei que parece só mais uma funcionalidade no app do banco, mas… não é.

Na prática, o Pix Parcelado tem tudo para ser um divisor de águas no sistema de pagamentos brasileiro. Ele muda o jogo para quem vende, para quem financia e, principalmente, para quem consome. E eu explico o porquê.

Mas afinal, o que é o Pix Parcelado?

É simples: você vai poder comprar algo — seja no mercado, na loja ou no e-commerce — e escolher pagar em parcelas, direto na jornada do Pix.
O recebedor continua recebendo à vista, como no Pix tradicional. Mas o consumidor divide o valor em até 12 vezes com a instituição financeira que oferece o crédito.

Ou seja: um parcelado sem maquininha, sem bandeira, sem intermediários. E o mais curioso? O Pix segue sendo Pix: instantâneo, direto e com liquidação imediata. A diferença agora é que o crédito está sendo embutido nessa lógica.

Por que isso é tão importante?

Porque pela primeira vez a gente vai ver um parcelamento “fora” do ecossistema do cartão ganhando escala.
Hoje, quase tudo que é parcelado no Brasil passa por bandeiras como Visa e Mastercard, com taxas para lojista, antecipação de recebíveis, disputa por margem, fluxo demorado…

Agora imagina: você oferece crédito, parcela, recebe à vista, sem pagar MDR de 3% nem depender de uma adquirente para isso.
É disso que estamos falando. E é por isso que eu, como especialista em embedded finance, estou acompanhando isso com tanta atenção.

O que muda para o varejo e para as fintechs?

Para o varejista, é a chance de melhorar margem e fluxo de caixa. Menos taxas, mais liquidez. Só que é preciso se preparar: entender como o Pix Parcelado vai aparecer na jornada de compra, treinar a equipe, ajustar conciliação de caixa… não é só “ligar” uma opção nova.

Para as fintechs, é uma baita oportunidade. O Pix Parcelado permite criar experiências de crédito direto no checkout, com dados do Open Finance, avaliação em tempo real, tudo isso sem depender de uma infra de cartões.
Se você tem uma fintech que oferece conta digital, crédito, ou integra pagamentos a um serviço, essa funcionalidade pode ser a ponte para o BNPL brasileiro.

E os bancos? E as adquirentes?

Aqui vem a parte mais sensível: esse novo Pix ameaça o que hoje é o coração da receita de muitas adquirentes.
Se o lojista começa a vender com menos dependência de bandeira e maquininha, e o consumidor adota o Pix Parcelado de forma massiva, o que sobra?

Claro, as adquirentes vão se adaptar, lançar soluções próprias, white-label, etc. Mas a pressão por custos mais baixos e liquidez imediata veio pra ficar.

Minha opinião

Esse é mais um passo da agenda do Banco Central de digitalização financeira real. A mesma agenda que criou o Pix, que abriu o Open Finance, que está estruturando o Drex e que vai colocar o Brasil como um dos países com sistema financeiro mais moderno do mundo.

Mas não adianta inovação se os players não se movimentam. O Pix Parcelado não é só uma função nova. É uma mudança de lógica.
Se você tem um negócio — fintech, e-commerce, ERP, marketplace, serviço — esse é o momento de testar. Aprender. Entender como isso pode gerar mais valor para o seu cliente final.

Porque quem se movimentar agora, sai na frente.

Pra finalizar…

O Pix Parcelado não vai matar o cartão de crédito. Mas vai mudar o protagonismo. Vai abrir espaço para experiências mais inteligentes, mais justas e mais conectadas ao comportamento digital do brasileiro.

Resumo da ópera: o Pix Parcelado vai muito além de mais uma função no app bancário. Ele inaugura uma nova disputa com o cartão de crédito, reabre o debate sobre margem no varejo e cria uma porta de entrada para embedded finance com inteligência de crédito.

Quem começar primeiro, testa, aprende e fideliza. Quem esperar, vai pagar mais caro para recuperar o espaço perdido.