WeCambio quer dobrar número de clientes com baixo custo e mira concorrentes

Fintech de operações cambiais consegue reduzir custos aos clientes em até 40% e mira bater de frente com outros players como "Remessa Online"

Fundada em 2017, a fintech WeCambio – que ultrapassou a marca de R$ 3 bilhões operados – nasceu com o propósito de descomplicar operações de câmbio para pessoas físicas, pequenas e médias empresas. Devido às parcerias estratégicas que a empresa possui com players do mercado financeiro, a fintech não cobra taxas administrativas e quer dobrar o número de clientes, como explicou ao BP Money, Caio Pilato, CEO da WeCambio.

Um dos objetivos da WeCambio para 2022 é dobrar a base de clientes da fintech, que se encontra, atualmente, em cerca de 5 mil clientes pessoas físicas e 200 pessoas jurídicas. “Queremos, no mínimo, dobrar essa base. E, no médio prazo, a gente quer se tornar um grande player do mercado de câmbio, um facilitador de negócios, principalmente de operações mais complexas”, afirmou o executivo. 

De acordo com o CEO, a companhia consegue competir no preço dado o time enxuto e as parcerias estratégicas que possui no mercado, principalmente com empresas.

“A WeCambio ganha dinheiro no spread bancário. Obviamente, a gente reduz o que pagam nos bancos, mas como temos um custo hoje muito enxuto, e parcerias estratégicas, a gente tem um custo relativamente pequeno e ganhamos no volume. Então quanto mais clientes fazem com a gente, a gente aumenta o share e ganha no nosso spread. Não cobramos pela consultoria, mas o volume que traz uma pessoa jurídica é muito grande. Tem mês que a gente opera milhões de dólares”, explicou Pilato, destacando que a estratégia faz total sentido para a companhia conseguir rentabilizar.

Segundo o CEO da WeCambio, a empresa investiu, neste ano, em um escritório novo, em sistemas e – principalmente – em pessoas. De acordo com Pilato, o  investimento total da WeCambio em 2022 vai passar de R$ 1 milhão. 

“Nunca fizemos nenhuma rodada de investimentos, porque usamos todo capital dos sócios. Estamos estudando um conselho forte para ver se conseguimos alavancar e nos tornarmos um player para brigar de frente com a Remessa Online, por exemplo. A gente está estudando algumas aplicações de open finance também”, destacou Pilato. 

Geralmente, casas de câmbio de shoppings e aeroportos possuem um spread muito alto para suas operações. A WeCambio, apesar de ganhar no spread de suas operações, tem a menor taxa do mercado – atualmente. Segundo a empresa, ela consegue cobrar até 40% a menos do que concorrentes.

“Na verdade, esses 40% que a gente fala é sempre relativo a spread da transação. Até o papel moeda a gente pesquisa nas corretoras e bancos os preços que estão fazendo e conseguimos uma condição melhor para o cliente. Obviamente, esses 40% são de spread bancário. Por exemplo, se o cliente está cadastrado em um banco onde ele paga em média 1% para fazer a operação nesse banco, conseguimos reduzir no mínimo para ele pagar 0,60% de spread. Então se ele pagaria 5 centavos, vai pagar pouco mais de 2 centavos. É uma redução de 40% no spread bancário”, explicou Pilato.

Pilato também deixou claro que a WeCambio é responsável por fechar a operação dos clientes, mas não por liquidar. 

“Somos correspondentes cambiais, mas se a gente tivesse uma operação ativa e recebesse dinheiro dos clientes diretamente na nossa conta, teríamos que ter processos de swift, auditoria de Bacen, mensageria, tesouraria, teria que ter uma estrutura muito grande, que iria tirar nossa expertise que – de fato – é o foco no nosso cliente. Então o B2C (site/app) o cliente faz a operação toda na nossa plataforma, mas quem liquida é a nossa parceira (alguma corretora de liquidação)”, exemplificou. 

As grandes operações de pessoa jurídica também são feitas diretamente no sistema dos bancos e corretoras, que é linkado com o da WeCambio. “O cliente faz tudo com a gente, mas o envio ou recebimento é feito com um player do mercado”, reiterou. 

Como surgiu a WeCambio?

Segundo Caio Pilato, CEO da fintech, a WeCambio surgiu a partir de uma “ideia maluca” de amigos do MBA (mestre em administração de negócios, na tradução da sigla para o português).

“Eu fiz o MBA na FGV com alguns amigos e a gente via uma dor muito grande em relação a operações de câmbio, que sempre foi a minha área. Eu vi que as pessoas tinham uma carência muito grande de informações e de preços sobre operações de câmbio”, disse Pilato.
 
De acordo com Pilato, a WeCambio recebe diariamente solicitações de clientes sobre como fazer para transferir dinheiro para fora do Brasil. 

“Vimos que tinha um nicho ali para atacar e criamos a WeCambio em 2017. Eu era trader do Itaú na época, saí da mesa de operações para criar a Wecambio. Estamos ganhando cada vez mais mercado e volume. Ultrapassamos R$ 3 bilhões operados. Um volume bem expressivo no mercado de câmbio e seguimos crescendo”, complementou.

Apesar da empresa ter visto um movimento de alta em seu negócio, entre 2017 e 2019, o crescimento mesmo aconteceu durante a pandemia. Segundo Pilato, a parte de transferência internacional começou a ser cada vez mais solicitada, em meio a pandemia de coronavírus. 

“A gente cresceu mesmo, de fato, durante a pandemia. Muita gente querendo receber dinheiro do exterior, mal instruída, pagando super caro nos bancos, e foi aí que a gente conseguiu acertar esse nicho e alavancar”, disse.

Um dos diferenciais da WeCambio, além dos custos menores aos clientes nas transações, é o atendimento humanizado e a “consultoria gratuita”. “Só fazemos com que o cliente feche a operação conosco para que a gente ganhe o nosso percentual de condicionamento”, finalizou.