A mudança na liderança do Banco Central (BC), programada para o final deste ano, não deverá afetar a continuidade das inovações no sistema de pagamentos Pix. João Manoel Pinho de Mello, ex-diretor do BC, argumenta que o futuro do Pix depende mais dos participantes do mercado do que da composição da autoridade monetária.
Quanto aos pagamentos internacionais via Pix, Mello afirmou que essa funcionalidade já é tecnicamente viável, mas sua implementação depende da integração com os sistemas de pagamento de outros países.
Cada país precisa estabelecer suas próprias conexões com o sistema brasileiro, o que torna o processo bastante individualizado e dependente de acordos bilaterais de cooperação.
Mello abordou também o impacto do Open Finance no sistema bancário brasileiro, destacando que essa iniciativa ajudará a mitigar as assimetrias de informação. Ele explicou que esse movimento terá um efeito progressivo e positivo no mercado financeiro.
Quanto ao Drex, o projeto de Real digital desenvolvido pelo Banco Central, Mello destacou que essa moeda digital pode aprimorar a liquidação de pagamentos utilizando ativos tokenizados. Contudo, ele enfatizou que o Drex não tem o objetivo de substituir os métodos tradicionais de pagamento.
‘Pix errado’ expõe fraqueza na norma de segurança do BC, diz analista
O Pix já tomou conta do cotidiano dos brasileiros, mas imagine que em determinado momento você recebe uma transferência de um desconhecido. Devolver seria o correto, mas de que forma? É pelo desconhecimento dessa manobra que o golpe do “Pix errado” tem se popularizado nos últimos dias.
Basicamente, os golpistas, que geralmente se utilizam do fato das pessoas usarem o número do celular como sua chave pix, depositam um valor e entram em contato com a vítima, afirmando ter transferido para a conta errada. Eles pedem o estorno, porém para uma conta diferente da que enviou a quantia.
Em paralelo, os mesmos golpistas acionam o MED (Mecanismo Especial de Devolução) para pedir a devolução do Pix, alegando terem sido eles as vítimas de um golpe. Dessa forma, a ferramenta criada pelo BC (Banco Central) para facilitar as devoluções em casos de fraude se tornou, justamente, uma brecha para aplicar o novo golpe.
“A nova ferramenta criada pelo Banco Central expõe a fraqueza das normas de segurança, tendo em vista que a norma que foi criada para proteger a vítima de fraude está sendo utilizada pelos fraudadores para um novo golpe”, explicou Fabio Boni, advogado da área cível da Lopes & Castelo Sociedade de Advogados.