Macário Ramos Júdice Neto - Foto: Reprodução/TRF
Macário Ramos Júdice Neto - Foto: Reprodução/TRF

O desembargador federal Macário Júdice Neto recebeu mais de R$ 125 mil em remuneração bruta no mês de novembro, poucas semanas antes acabar preso pela Polícia Federal.

Os dados constam no Portal da Transparência da Justiça Federal. Eles tornaram-se públicos nesta terça-feira (16), no mesmo dia em que o magistrado terminou detido durante a segunda fase da Operação Unha e Carne.

O contracheque aponta um salário-base de R$ 90.187,61, acrescido de gratificações e indenizações que somaram mais de R$ 35 mil. O pagamento aconteceu antes da ordem de prisão. Esta, investiga o suposto vazamento de informações sigilosas ligadas à Operação Zargun, conduzida pela Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Macário Júdice Neto e a Operação Unha e Carne

A prisão de Macário Júdice Neto ocorreu em sua residência, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. A Operação Unha e Carne apura a possível atuação de agentes públicos no repasse antecipado de dados sensíveis de investigações em curso.

Segundo a Polícia Federal, há indícios de que informações da Operação Zargun tenham sido vazadas antes do cumprimento de mandados judiciais. Sendo assim, isso teria comprometido parte da ação policial.

Suspeita de vazamento na Operação Zargun

De acordo com as apurações, investigadores trabalham com a hipótese de que um dos principais alvos da Operação Zargun, o então deputado conhecido como TH Joias, teria sido alertado previamente.

Portanto, o ponto central da investigação é que Macário Júdice Neto foi o responsável por expedir o mandado de prisão contra o parlamentar, em setembro.

Além disso, a Polícia Federal apura se o vazamento ocorreu após um encontro informal, no qual o magistrado estaria acompanhado do então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar.

Em suma, a suspeita consiste em que, após essa reunião, informações sensíveis acabaram sendo repassadas.

Defesa de Macário Júdice Neto contesta prisão

A defesa do desembargador afirma que a prisão foi determinada de forma indevida. De acordo com o advogado Fernando Augusto Fernandes, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, teria autorizado a medida com base em informações incompletas.

“A defesa ainda não teve acesso integral à decisão que fundamentou a prisão”, afirmou o advogado, ao sustentar que a falta de acesso inviabiliza o exercício pleno do contraditório.

Dessa forma, os advogados informaram que pretendem solicitar a revogação da prisão e apresentar esclarecimentos formais no processo.