Brasil está em boa posição para ser “ativo da vez”, diz Dan Kawa

De acordo com sócio e CIO da TAG Investimentos, o mundo está com “menos países investíveis” e isso beneficia o Brasil

Durante o painel “O Brasil no contexto do Cenário Mundial”, no Trígono Day 2022, o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa, afirmou que o Brasil está em uma posição boa “para ser o ativo da vez”. De acordo com o executivo e especialista em investimentos, o País conseguiu sair da pandemia e da corrida eleitoral com uma situação corrente, “uma foto”, relativamente saudável (e ainda melhor se comparado aos pares emergentes).

“O Brasil tem uma chance de ouro para poder navegar um pouco mais tranquilo nessa nova fase do ciclo econômico global, que é desafiadora. Agora precisamos arrumar a grande questão que são as contas fiscais, que é essa discussão que estamos vendo no Congresso”, disse Kawa.

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Em termos de momento, o Brasil é “o menos feio” quando comparado aos pares emergentes, segundo Kawa. O País deve fechar o ano com um crescimento próximo a 3%. Enquanto isso, a economia americana deve ter um crescimento baixo, Europa também não tem boas perspectivas e a própria China deve ter um crescimento perto de 3%, de acordo com o especialista. 

“Quando a gente olha para os pares emergentes, a Rússia se tornou um país não investível e vai ter uma recessão profunda. Todo o leste europeu tem apresentado uma pressão de crescimento muito grande”, disse Kawa. 

“Quando a gente olha para o lado, o Brasil é o menos feio. O Brasil não tem problema de contas externas, de reserva de pagamento. O investimento estrangeiro direto ainda é uma rubrica muito alta. Trazemos bastante investimento para ativos fixos, para investimento de longo prazo”, acrescentou o especialista em investimentos e CIO da TAG. 

Kawa reiterou que o Brasil tem “um pouco de tudo que as outras economias globais não oferecem”.

“Estamos próximos do fim do ciclo de ajuste monetário. O que vai determinar isso é o filme do fiscal para frente. Não temos crise energética, como na Europa, não temos problemas de commodities, somos grandes produtores, desde agrícolas até metálicos, não temos furacão, não temos guerra”, disse Kawa comparando o Brasil aos seus pares. 

O CEO do BTG, Roberto Sallouti, afirmou, durante sua participação no Trígono Day, que se o novo governo caminhar no caminho da responsabilidade macro, o Brasil se beneficiará disso. 

“Os EUA estão no final do ciclo. A China está saindo da covid zero. O Brasil tem muito para se beneficiar, é só não fazer bobagem. O mundo ficou com menos países investíveis e o Brasil está se beneficiando disso”, disse Sallouti.

O cenário para renda variável no Brasil

Para Kawa, o Brasil está em uma posição corrente satisfatória, mas ainda com riscos à frente. Mesmo assim, a renda variável é um investimento que apresenta boas oportunidades, já que os preços estão atrativos e o País tem boas possibilidades no longo prazo. “Precisamos ter calma. No geral, nossa situação é boa. Esperamos que os caminhos corretos sejam escolhidos [no fiscal]”, disse o CIO da TAG Investimentos. 

“A gente acredita no longo prazo no mercado de renda variável no Brasil. A nossa recomendação sempre é ter portfólios diversificados entre classes de ativos e entre regiões. Falando um pouco de renda variável, a gente recomenda manter alocações, às vezes aumentamos, às vezes diminuímos. O que fizemos, de curto prazo, pré-eleição,foi diminuir a parcela indexada do portfólio”, disse Kawa. 

O especialista explicou que a parcela indexada é a que está mais atrelada ao índice Bovespa, que tem muitas estatais, bancos e é uma parcela que existe mais receio a como essas empresas reagiriam após as eleições. 

“Ainda não acertamos o dedo no gatilho para voltar a essas posições, mas todo dia nossa mão coça para voltarmos. A bolsa está muito barata, é uma oportunidade e é muito difícil acertar o ponto de inflexão. O valuation no Brasil, hoje, é muito atrativo”, concluiu Kawa.