
Preso nesta terça-feira (18) em uma operação da Polícia Federal que apura crimes relacionados à venda do Banco Master ao BRB, o empresário Daniel Vorcaro investiu cerca de R$ 300 milhões para adquirir 26,9% da SAF do Atlético-MG. A estrutura utilizada na operação, segundo revelou o colunista Rodrigo Capelo, envolve fundos que teriam ligação com o PCC, de acordo com investigações do MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
Documentos da CVM mostram que o Galo Forte FIP, veículo por meio do qual Vorcaro comprou participação na Galo Holding SA, está inserido em uma cadeia de fundos organizada em modelo “fundo sobre fundo”, formato semelhante ao investigado na Operação Carbono Oculto.
O fluxo dos recursos teve início nos fundos Olaf 95 e Hans 95, ambos geridos pela Reag Investimentos e já alvo de buscas da PF. Os cotistas não são identificáveis, mas o MP-SP afirma que a estrutura repete mecanismos usados para ocultação de recursos.
As informações da CVM confirmam os valores já divulgados pelo Atlético-MG: Vorcaro aportou R$ 100 milhões em 2023 e outros R$ 200 milhões em 2024. O Galo Forte detém 26,9% da Galo Holding, cuja maioria pertence aos empresários Rubens e Rafael Menin, além de participações de Ricardo Guimarães e do FIGA, que não têm relação com a investigação.
A estrutura segue o padrão observado em outros fundos investigados. O Astralo, por exemplo, com patrimônio de R$ 15 bilhões originado no Olaf, aplica em 35 fundos, entre eles o próprio Galo Forte, seu único cotista. A Reag aparece como gestora em toda a cadeia.
Criado em 2023, o Galo Forte investe exclusivamente na Galo Holding SA, controladora de 75% da SAF. Segundo o MP-SP, fundos da mesma malha foram usados como instrumentos de ocultação e lavagem de dinheiro pelo crime organizado. Não há, porém, indícios de envolvimento dos demais investidores do clube.
Em nota divulgada anteriormente, o Atlético-MG afirmou que o Galo Forte FIP é um veículo regularmente constituído e registrado na CVM, administrado pela Trustee DTVM, e que o clube não tinha conhecimento de irregularidades.
A Reag declarou que atua apenas como administradora dos fundos citados e que negocia a venda de sua unidade de administração para outra empresa.
Já o Banco Master, comandado por Vorcaro, disse que não tem relação com os fundos Olaf 95 e Hans 95. “Essas estruturas não integram o grupo e não possuem vínculo societário com o banco ou seus executivos. O Galo Forte FIP é de propriedade de Daniel Vorcaro, pessoa física”, afirmou a instituição.