Política

Americanas (AMER3): deputado quer depoimento de sócios na CPI

Deputado federal apresentou requerimento para convocação dos empresários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles

O deputado federal Jonga Bacelar (PL-BA) apresentou requerimento na CPI das Lojas Americanas (AMER3) para que sejam convocados a depor na comissão os empresários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, principais acionistas da empresa. O requerimento do deputado baiano é o único apresentado até agora na CPI, criada para investigar as inconsistências da ordem de R$ 20 bilhões detectadas em lançamentos contábeis da empresa Americanas realizados no exercício de 2022.

Na justificativa do seu requerimento, Jonga Bacelar afirma que os três maiores acionistas da empresa Americanas aumentaram seus patrimônios e tornaram-se ainda mais ricos nos primeiros meses de 2023, em comparação com o mesmo período do ano de 2022. “Os acionistas Lemann, Sicupira e Telles ocupam a segunda, terceira e quinta posição no ranking da Forbes, respectivamente, das pessoas mais ricas do Brasil. Solicitamos seu depoimento para que possam prestar esclarecimentos sobre o pedido de recuperação judicial e como conseguiram avultar suas fortunas neste ano”, esclarece o deputado ao Bahia Notícias, parceiro do BP Money.

 Os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira divulgaram no mês de janeiro uma nota conjunta em que negaram ter conhecimento dos problemas da empresa. Os acionistas disseram na nota que não permitiriam que fosse feita uma manobra ou fraude contábil para distorcer os resultados da companhia.

“Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto”, afirmaram os três.

 Os empresários, que estão entre as cinco pessoas mais ricas do país, com um patrimônio conjunto estimado em US$ 35 bilhões (aproximadamente R$ 175 bilhões), segundo a revista Forbes, se tornaram protagonistas do escândalo nas Americanas, por serem seus principais donos. Na nota conjunta, eles disseram que a empresa foi administrada nas últimas décadas por executivos “considerados qualificados e de reputação ilibada”, e que os bancos com os quais a Americanas operava ou a PwC, consultoria responsável por auditar os balanços mais recentes da companhia, nunca apontaram irregularidades.

 Em seu requerimento, o parlamentar também pede a convocação, na CPI, do presidente no Brasil da empresa de auditoria KPMG, Charles Krieck, e do presidente da empresa de auditoria PwC Brasil, Marco Castro. O deputado do PL da Bahia destaca que a KPMG fez auditoria nos balanços da Americanas entre os anos de 2016 e 2018 e, no ano de 2019, foi a vez da auditora PwC, e ambas, segundo ele, aprovaram sem retificação os últimos balanços. 

“Foi a auditora PwC quem aprovou, na última auditoria de 2021, as demonstrações financeiras sem ressalvas, período alvo das inconsistências contábeis reveladas”, disse Jonga. “A querela contábil de R$ 20 bilhões nas Americanas transformou-se no quarto maior pedido de recuperação judicial do país, atrás apenas da Odebrecht – atual Novonor – (R$ 80 bilhões), Oi (OIBR3) (R$ 65 bilhões) e Samarco (R$ 55 bilhões)”, lembrou o deputado. 

 A primeira reunião de trabalho da CPI das Lojas Americanas está agendada para esta quarta-feira (24), às 14h. Na ocasião, será apresentado o plano de trabalho pelo relator da comissão, deputado Chiodini (MDB-SC), além da votação de requerimentos.

São Carlos (SCAR3): acionistas do 3G Capital têm prejuízo no 1T23

Além da crise nas Lojas Americanas, os sócios do 3G Capital, principais acionistas da varejista, formado pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, também tiveram problemas em outro negócio.

O braço imobiliário do trio, a São Carlos Empreendimentos (SCAR3), teve um prejuízo recorrente de R$ 34,9 milhões no primeiro trimestre de 2023. Para sair do vermelho, passou a vender imóveis em São Paulo e no Rio, cidades onde atua, em negócios que totalizaram R$ 250 milhões nos primeiros três meses do ano. Com isso, conseguiu um lucro contábil de R$ 15,1 milhões. As informações são do portal Metrópoles, parceiro do BP Money. 

À estratégia, a São Carlos deu o nome de “reciclagem seletiva do portfólio”. E as vendas continuaram. Nos últimos dois meses, foram negociados mais R$ 167 milhões em imóveis. Somados aos valores do primeiro trimestre, o total chega a R$ 457 milhões.

Na avaliação de William Gomes, analista de ações do TC, a plataforma de assessoria consultoria de investimentos, a São Carlos, assim como todo o setor, passou nos últimos anos por um forte processo de desocupação (vacância, no jargão do mercado) de seus imóveis. Isso ocorreu desde o início da pandemia.

Na avaliação de William Gomes, analista de ações do TC, a plataforma de assessoria consultoria de investimentos, a São Carlos, assim como todo o setor, passou nos últimos anos por um forte processo de desocupação (vacância, no jargão do mercado) de seus imóveis. Isso ocorreu desde o início da pandemia.

Nos últimos dois meses, em São Paulo, a São Carlos também se desfez dos edifícios Itaim Center, na Vila Nova Conceição, e João Bricola, o antigo prédio do Mappin, no centro da capital paulista. Também foram vendidas mais de 60 lojas de rua da Best Center, que pertence à companhia e atua como incorporadora e administradora de centros de conveniência.

A São Carlos iniciou suas operações em 1989, para apoiar a expansão da Americanas no país. Dez anos depois, separou-se da varejista e abriu capital na Bolsa. Em 2011, começou a investir em centros de conveniência, com a subsidiária Best Center. Hoje, também tem negócios no segmento residencial. Do total de imóveis que possui, cerca de 60% estão em São Paulo e 40%, no Rio.

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