O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos alvos da operação da Polícia Federal, deflagrada nesta quinta-feira (8), para investigar uma organização criminosa envolvida na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Medidas restritivas foram aplicadas contra Bolsonaro, incluindo a proibição de deixar o país e a obrigação de entregar seu passaporte em até 24 horas. Agentes da Polícia Federal realizaram uma diligência na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro, localizada em Angra dos Reis, onde apreenderam o celular de um de seus assessores, Tercio Arnaud Tomaz. Além disso, o político está proibido de se comunicar com outros investigados, inclusive por meio de advogados.
No total, estão sendo cumpridos 30 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão. Dentre os alvos dos mandados de busca e apreensão, estão diversos aliados do ex-presidente Bolsonaro, incluindo Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. Quanto aos mandados de prisão, destacam-se nomes como Rafael Martins de Oliveira e Marcelo Costa Camara.
As medidas judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal e estão sendo cumpridas em diferentes estados brasileiros, como Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, entre outros. Esta fase da operação visa desarticular um grupo que se dividiu em núcleos para disseminar a ideia de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, visando justificar uma intervenção militar.
“Saí do governo há mais de um ano e sigo sofrendo uma perseguição implacável […] Me esqueçam, já tem outro governando o país”, afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro afirmou à coluna da Folha de São Paulo que está ainda se inteirando das buscas e apreensões e das prisões e que não poderia dar mais declarações.
Bolsonaro e desdobramento da operação
Durante esta etapa das investigações, foi revelado que o grupo sob escrutínio se fragmentou em diversos núcleos operacionais, visando disseminar a ideia de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito. Esse esforço tinha como objetivo viabilizar e legitimar uma intervenção militar, caracterizando uma dinâmica de milícia digital.
O primeiro núcleo concentrou seus esforços na criação e disseminação de teorias infundadas sobre possíveis falhas no sistema eletrônico de votação, um discurso que já vinha sendo propagado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após a conclusão do segundo turno das eleições em 2022.
O segundo núcleo de atuação se dedicou à execução de ações destinadas a subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, planejando um golpe de Estado com o apoio de militares treinados em táticas especiais, em um ambiente politicamente sensível.
O Exército Brasileiro está acompanhando o cumprimento de alguns dos mandados, prestando apoio à Polícia Federal.
Em comunicado à imprensa, a PF informou que os eventos sob investigação configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.