O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que se considera “perseguido”, e por isso, não descarta pedir refúgio em uma embaixada, após ser indiciado pela PF (Polícia Federal) por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Mesmo cogitando um exílio, Bolsonaro afirmou que, se “devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos” e não teria retornado ao Brasil.
“Embaixada, pelo que eu vejo a história do mundo, quem se vê perseguido pode ir para lá”, disse Bolsonaro em entrevista ao portal “UOL”, divulgada nesta quinta-feira (28).
O ex-presidente e aliados foram alvos de mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva em uma operação deflagrada pela PF em fevereiro.
Na época, o jornal norte-americano The New York Times revelou que, quatro dias após a operação da PF, Bolsonaro passou duas noites hospedado na Embaixada da Hungria, entre os dias 12 e 14 de fevereiro.
A razão de procurar uma embaixada é que seu espaço físico é considerado território inviolável do país de origem. Sendo assim, se a Justiça expedisse um mandado de prisão preventiva contra o ex-presidente, a decisão não poderia ser cumprida por ele estar em uma embaixada internacional.
O argumento da defesa de Bolsonaro na época foi que a hospedagem tinha objetivo de “manter contatos com autoridades do país” e atualizar os representantes húngaros sobre o “cenário político das duas nações”.
Bolsonaro “planejou, atuou e teve domínio” de atos golpistas, diz PF
O relatório da PF (Polícia Federal) sobre o inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil, em 2022, que o ministro do STF, Alexandre de Moraes, tornou público nesta terça-feira (26), indicou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “planejou, atuou e teve o domínio” das ações do grupo criminoso que pretendia impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e abolir o regime democrático no País.
Bolsonaro e outros 36 investigados foram indiciados pela PF por envolvimento na suposta tentativa de golpe, na quinta-feira (21).
Bolsonaro e os demais foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de estado e organização criminosa.
A lista inclui os generais Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, que também fez parte da chapa eleitoral do ex-presidente em 2022, como candidato a vice-presidente.
Além disso, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro, e Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, partido de Bolsonaro, também estão entre os 37 indiciados.