Política

Campos Neto procura Haddad para se explicar pós Copom

Após a manutenção da Selic em 13,75%, o presidente do Banco Central quis conversar com o ministro da Fazenda, já que a decisão não agrada o governo de Lula

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, procurou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), no dia seguinte ao Copom (Comitê de Política Monetária), quinta-feira (23), para se explicar, segundo informações do colunista Lauro Jardim do O Globo..

Em decisão no segundo Copom do ano, a taxa Selic (taxa básica de juros) foi mantida a 13,75%. O comunicado não agradou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, por conta disso, o Campos Neto quis abaixar a temperatura do ambiente.

No entanto, no documento entregue por Campo Neto, havia alguns acenos do Banco Central, em que o ministro da Fazenda não concordou. A esperança, agora, fica para a ata do Copom que será entregue na terça-feira (28). É esperado que a ata baixe o tom pesado do comunicado. Na equipe econômica, há a esperança que o próprio mercado se encarregue de pressionar Campos Neto a usar um tom mais brando.

BC mantém taxa de juros em 13,75%

No encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira (22), o BC (Banco Central do Brasil) decidiu manter as taxas de juros em 13,75% ao ano. Pelo quinto encontro consecutivo, a autoridade monetária optou por não mexer nos juros. A decisão foi unânime.

A última vez que houve alteração na taxa foi em agosto de 2022, quando o Copom ajustou meio ponto percentual para cima, passando de 13,25% para os números atuais. 

“Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, justificou o Banco Central em comunicado.

Entre os cenários avaliados pelo BC, está a crise financeira em grandes bancos no exterior. “Desde a reunião anterior do Comitê de Política Monetária (Copom), o ambiente externo se deteriorou. Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento. Em paralelo, dados recentes de atividade e inflação globais se mantêm resilientes e a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista”, afirmou o BC em comunicado emitido nesta quarta.

No comunicado, a autoridade monetária ainda escreveu que não hesitará em aumentar a taxa de juros caso for necessário.  

“Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

A equipe do Banco Central irá se reunir novamente nos dias 2 e 3 de maio.