Embates com Legislativo

Lula cobra mais apoio de base aliada e fala em ‘rasteiras’

O presidente cobrou maior defesa ao governo frente ao Legislativo

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Durante cerimônia pública em Feira de Santana, Bahia, o presidente Luíz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou que sua base aliada defenda o governo federal quanto às críticas de adversários no Congresso Nacional. O esteve na cidade nesta segunda-feira, para cumprir uma série de agendas políticas.

“A bancada do Congresso só precisa aprender a defender mais a gente [governo] das porradas que tomamos. Muitas vezes, não gostamos de enfrentar debate no Congresso, mas microfone é feito para debater”, afirmou Lula.

Nos bastidores do Parlamento, aliados do mandatário estão cobrando mudanças drásticas, começando pelo núcleo duro do Palácio do Planalto, de acordo com o “Valor”.

A polêmica MP do PIS/Cofins, que foi devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), algumas semana atrás, piorou o clima ‘azedo’ que já se criava entre Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda), dois dos ministros mais fortes de Lula.

O episódio com o MP aumentou a sensação de que o governo está sem rumo, segundo apuração do veículo. Enquanto a disputa entre Rui Costa e Haddad se alastrou a um problema que fragiliza ainda mais o diálogo com o Legislativo.

Lula afirma que Rui Costa foi escolhido para evitar “rasteira”

Durante o evento na Bahia, Lula afirmou que o mandatário da Casa Civil, que já foi governador do Estado por 2 mandatos, foi posto no Ministério para evitar que lhe deem “rasteira”.

“Rui Costa e Miriam Belchior [secretária-executiva] formam, na Casa Civil, uma dupla muito melhor do que Romário e Bebeto. Eles não deixam nada escapar, nenhum ministro conta uma mentira para mim sem que eles me falem. Por isso, às vezes, vocês ouvem que o Rui Costa tem divergência com ministros do governo. Isso é muito importante porque a presença do Rui Costa na Casa Civil é a certeza de que ninguém vai tentar me dar uma rasteira”, explicou o presidente.

Segundo ele, os adversários estão nervosos com seus governo porque chegou à Presidência novamente com a ajuda “de Deus”.

“Os nossos adversários estão muito nervosos, para quem perde a eleição, a derrota é eterna. Nunca mais eles voltarão a fazer com que o ódio prevaleça nesse país, este é um país religioso, um povo amado, de solidariedade. Esse país só vai andar para frente, eu não estaria aqui se não fosse a mão de Deus. As pessoas têm que saber que eu não sou eu, eu sou vocês. A força coletiva vai arrumar a vida nesse país. Esse país nunca mais terá retrocesso democrático”, prosseguiu Lula.

Conforme seu discurso, ele seguirá investindo na valorização do salário mínimo enquanto estiver à frente do governo. 

 “Eu tenho certeza que voltei a governar esse país para provar mais uma vez que não é preciso diploma para governar, é preciso caráter, vergonha na cara. Ainda tenho dois anos e seis meses [de governo] pela frente e a gente vai fazer mais aumentos de salário-mínimo, a gente vai cuidar dos pobres”, concluiu.