Política

Petrobras (PETR4): CEO diz que Bolsonaro tentou criar “Petrosudeste”

Prates acusou governo anterior de direcionar investimentos para o eixo Rio-São Paulo

O CEO da Petrobras (PETR3;PETR4), Jean Paul Prates, criticou a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de iniciar as vendas de oito refinarias nas regiões Norte e Nordeste durante sua gestão. O executivo da petroleira acusou o governo anterior de direcionar investimentos para o eixo Rio-São Paulo, e ironizou a iniciativa a qual chamou de “Petrosudeste”.

 Uma dessas refinarias privatizadas foi a Landulpho Alves (RLAM), atual Mataripe, que fica em São Francisco do Conde, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), da qual, Jean Paul Prates afirmou que a privatização – realizada em 2021 durante o governo anterior – não foi feita como parte de um plano estratégico.

“Essa refinaria [RLAM] não foi vendida com um plano estratégico. Haviam oito refinarias sendo postas à venda por uma questão que o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] teria mandado. Mas, na verdade, o Cade não mandou nada. A Petrobras se voluntariou para vender oito refinarias, por causa de uma denúncia minúscula de um suposto caso de dumping [comercialização de produtos a preços abaixo do custo de produção] no Maranhão, contra importadores, que fizeram uma denúncia legítima ao Cade. O governo [Bolsonaro] aproveitou aquilo para alavancar todo um processo de venda, não só da RLAM, como de oito refinarias nacionais”, afirmou o presidente da Petrobras.

A declaração foi dada durante o evento que marcou os 70 anos da Petrobras, ocorrido na última sexta-feira (6), em Salvador, evento que o Bahia Notícias, parceiro do BP Money cobriu. Na ocasião, Jean Paul Prates destacou que todas as oito refinarias estão “casualmente fora da área próxima ao pré sal” e reforçou que a movimentação de esvaziar esses equipamentos tinha o objetivo de centralizar a Petrobras no eixo Rio-São Paulo.

 “Eles estavam transformando a Petrobras numa “Petrosudeste”. Uma empresa focada no Sudeste. Com quatro refinarias em São Paulo, uma no Rio de Janeiro, o pré-sal ali do lado produzindo e o refino gerando um produto altamente rentável, pagando dividendos altíssimos, com a empresa quatro vezes menor do que ela é. Se não tivesse sido a resistência que nós colocamos lá no Senado, inclusive o senador Jaques Wagner (PT), eu, e a Frente de Defesa da Petrobras, hoje nós estaríamos falando de uma Petrosudeste”, disse o presidente da Petrobras.

Petrobras: CEO nega negociação para recompra de refinaria

No evento que comemorou os 70 anos de existência da Petrobras, o CEO da empresa, Jean Paul Prates, declarou que não tem mais o que falar sobre o possível processo de reestatização da Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (RLAM). 

A refinaria foi vendida pela Petrobras em novembro de 2021 por um montante de US$ 1,8 bilhão (aproximadamente R$ 10,1 bilhões na cotação da época) para o grupo Mubadala Capital, dona da Acelen, que administra a refinaria.

“Não tem nada a falar, porque é um processo finalizado. Dentro da Petrobras não foi aberto um processo de reanálise de alguma coisa. Estamos trabalhando dentro do nosso plano estratégico com as unidades de refino, trabalhando de forma integrada e aí a gente vai ver qual a oportunidade que surge nisso, agora a gente vai falar que vai comprar alguma coisa, isso já abre um processo todo até de negociação que não existe”, afirmou Prates, destacando que a Petrobras mantém diálogos com o Mubadala para diversificar investimentos.