Economia

Campos Neto: mais importante para o BC é convergência da dívida

“Pra gente é importante a sustentabilidade”, disse o presidente do BC.

Foto: Lula Marques / Agência Brasil
Foto: Lula Marques / Agência Brasil

Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central), declarou que o mais importante para a instituição é que haja convergência da dívida fiscal do Brasil, e não tanto as medidas diárias do Ministério da Fazenda

Campos defendeu as metas do BC baseadas no quadro relevante de 12 a 18 meses, durante o evento Esfera Brasil, ocorrido em Guarujá, São Paulo, neste sábado. “Pra gente é importante a sustentabilidade”, disse.

“Às vezes as pessoas olham muito a inflação corrente, mas se o Banco Central fizesse política monetária olhando a inflação corrente, seria como dirigir um carro olhando o retrovisor. Você vai bater o carro”, avaliou ele.

O comentário veio enquanto o executivo analisava a tomada de decisão com base nas expectativas de inflação do mercado, que, para ele, são “bem racionais”.

Campos Neto aproveitou a oportunidade para dizer que foi contra as desonerações para atingir queda no preço da gasolina, adotadas durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República.

“A gente faz uma desoneração, o preço abaixa hoje e aí eu tenho que aumentar o preço no ano que vem de novo se for feito de uma forma artificial. E, no final das contas, eu estou transferindo uma inflação presente para uma inflação futura”, afirmou.

BC: Campos Neto defende autonomia financeira e administrativa

O presidente do BCRoberto Campos Neto, voltou a defender a autonomia da instituição durante evento promovido pela corretora Monte Bravo, em São Paulo. Segundo ele, uma autoridade monetária pode ter autonomia operacional e ser asfixiada pela falta de autonomia administrativa e financeira.

Campos Neto afirmou que o processo para obter a autonomia operacional do BC foi uma batalha muito dura, e que se mostrou muito importante na transição do governo anterior para o atual.

“Pensando que o BC fez a maior alta de juros da história do mundo emergente em ano de eleições, será que isso poderia ter sido feito sem autonomia? Então acho que é importante ter autonomia, uma independência com aspectos técnicos”, defendeu o presidente da autarquia.

Ele lembrou que o banco tem apoiado um projeto de autonomia financeira que tramita no Senado, cujo relator “é muito bom”.

A PEC 65, de autonomia da autarquia, é amplamente defendida pela diretoria do BC. Entre os funcionários, porém, há resistência. Na segunda-feira (3), o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central) iniciou uma campanha contra a proposta no rádio.

“Estamos fazendo outras coisas além da campanha no rádio e a ideia é que a PEC seja retirada de pauta”, disse ao Estadão/Broadcast o presidente do Sinal, Fabio Fayad.

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