Aplicações financeiras

Governo propõe alíquota única de 17,5% a partir de 2026

A expectativa é que o decreto e a medida provisória sejam publicados nesta semana.

(Reprodução: Valter Campanato/Agência Brasil)
(Reprodução: Valter Campanato/Agência Brasil)

O governo federal prepara uma ampla reforma na tributação das aplicações financeiras, com o objetivo de simplificar o modelo atual e aumentar a arrecadação a partir do ano que vem.

A proposta prevê a substituição do sistema progressivo atual por uma alíquota de 17,5% de (Imposto de Renda) IR, sobre rendimentos de renda fixa e variável.

A medidas vai ser enviada por meio de uma (Medida Provisória) MP, editada ainda nesta semana, com exceção para os chamados títulos incentivados, como LCI, LCA, CRI, CRA, FIIs, Fiagros e outros vinculados ao agronegócio e à infraestrutura, que passarão a ser tributados com uma alíquota reduzida de 5%. 

Hoje, esses papéis são isentos de IR, o que deverá mudar apenas para novas emissões feitas a partir de 2026. 

Os títulos já emitidos permanecerão isentos, respeitando o estoque existente.

De acordo com o Ministério da Fazenda, a proposta tem como objetivo corrigir distorções no mercado financeiro e promover

A pasta argumenta que a alíquota única trará maior neutralidade fiscal, eliminando vantagens tributárias que hoje favorecem determinados produtos.

Do mesmo modo, a proposta tem gerado críticas. Parlamentares ligados ao agronegócio expressaram insatisfação com o fim da isenção para novos títulos do setor. A cobrança simbólica de 5% será suficiente para manter a atratividade desses papéis, ao mesmo tempo em que contribuirá para uma arrecadação mais robusta no próximo ciclo fiscal, alegam integrantes da equipe econômica.

Além da reestruturação no IR sobre investimentos, a MP pode incluir outras medidas de ajuste fiscal. Como o aumento da alíquota de taxação sobre as “bets” (apostas esportivas), que passará de 12% para 18%.

Outra mudança prevista é o fim da alíquota reduzida da (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) CSLL para fintechs e empresas de meios de pagamento, de 9%, passará a ser 15%.

Também está em negociação o aumento da alíquota do imposto sobre os juros sobre capital próprio (JCP), de 15% para 20%. No entanto, essa proposta enfrenta resistências dentro do Congresso Nacional.

Durante a reunião com líderes governistas no domingo (9), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, obteve apoio parcial para avançar com a Medida Provisória (MP), que trará como contrapartida a flexibilização do recente aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

IOF: mudanças previstas pelo governo

  • Redução da alíquota em operações de crédito para empresas: de 0,95% para 0,38%;
  • Diminuição de 80% no imposto sobre risco sacado;
  • Isenção para o retorno de investimento estrangeiro direto;
  • Definição de uma alíquota mínima para Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).

Outro ponto sensível da MP será a regulamentação da tributação de aportes em planos de previdência do tipo VGBL. Até o fim de 2025, haverá isenção para contribuições de até R$200 mil por seguradora.

A partir de 2026, o IOF incidirá sobre valores acima de R$ 600 mil por ano. A Fazenda estima que, com esse modelo, 99,2% dos segurados e dois terços do volume total de aportes continuarão isentos.

A partir de 2026, o IOF incidirá sobre valores acima de R$ 600 mil por ano. A Fazenda estima que, com esse modelo, 99,2% dos segurados e dois terços do volume total de aportes continuarão isentos.

A expectativa é que tanto o decreto quanto a medida provisória sejam publicados ainda nesta semana.