Tecnologia

Bitcoin: após ano amargo, perspectiva para 2023 divide analistas

Evolução da tecnologia e regulamentações governamentais acerca das criptomoedas podem ditar caminho do Bitcoin no próximo ano

O Bitcoin (BTC) teve um 2022, no mínimo, amargo. A criptomoeda caminha para fechar o ano com perdas na casa dos 65%, com dificuldades de superar os US$ 16 mil. Analistas consultados pelo BP Money se dividem sobre as perspectivas para o ativo digital em 2023, que deve ser impactado por muitos fatores, que vão da evolução da tecnologia até as regulamentações governamentais acerca das criptomoedas. 

Para Deivison Pedroza, empreendedor do ramo cripto, a regulamentação governamental pode afetar as perspectivas do Bitcoin e outras criptomoedas de várias maneiras. Segundo ele, uma regulamentação mais rígida, por exemplo, pode dificultar a utilização dessas moedas como meio de pagamento, enquanto a regulamentação mais suave pode torná-las mais atraentes para os usuários.

No Brasil, a regulamentação passa pelo Projeto de Lei 4.401/2021, já aprovado no Senado Federal e aguardando por definições dos deputados. Em novembro de 2022, banco s e corretoras do setor pressionaram o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) pela retomada das discussões sobre o tema. 

Para Marcos Lustosa, gerente de marketing da CoinEx BR, é difícil prever o que acontecerá com o preço do Bitcoin no futuro, já que o valor do ativo é muito volátil e pode ser afetado, além das regulamentações, pelo desenvolvimento de tecnologias relacionadas à criptomoeda.

“Mas acredito que para a blockchain, tecnologia que está por trás do Bitcoin, será um ano muito importante e com avanços significativos para a estrutura da nova economia e da nova internet”, apontou o especialista. 

Pedroza também apontou que o destino do bitcoin está atrelado à evolução da tecnologia no setor. “Se surgirem novas soluções de tecnologia que tornem as criptomoedas mais seguras, fáceis de usar e amplamente disponíveis, isso pode levar a um aumento na adoção dessas moedas”, apontou.

No entanto, muitos outros fatores podem impactar, seja para o bem ou para o mal, o preço e o destino do Bitcoin em 2023. 

Economia externa pode afetar Bitcoin

Rodrigo Batista, CEO da Digitra.com, acredita que a recuperação dos preços do Bitcoin vai depender da conclusão do aperto monetário norte-americano. Projeções da casa apontam que a virada deve acontecer em meados do próximo ano. 

“Como os mercados costumam antecipar as mudanças de tendência, não nos surpreenderíamos com uma retomada mais consistente de preços já no segundo trimestre de 2023, embora novas máximas históricas devem ficar para 2024”, comentou o analista ao BP Money. 

Para Daniel Carius, CVO da Ribus, alguns indicativos mostram uma melhora para 2023 no setor de criptoativos. Entre eles, a queda da inflação mundial. “Nós já conseguimos ver alguns indícios de uma desaceleração e isso é positivo para os ativos de risco, como ações e o setor de cripto, incluindo Bitcoin”, disse.

Helena Margarido é da mesma opinião. Segundo a COO da Kodo Assets, os juros não podem subir eterna e indiscriminadamente, pois a conta fica muito cara. Portanto, em 2023 a analista acredita que é possível que um fluxo de investidores retornando parte de seus investimentos para a renda variável, incluindo criptoativos, seja observado. “Com o aumento da demanda, é de se esperar aumento de preços também”, apontou.

Segundo César Felix, gerente de customer experience da NovaDAX, até a guerra na Ucrânia pode afetar o Bitcoin. Caso o conflito no leste europeu permaneça em 2023, o que para o analista é provável, muito capital do continente europeu seria enviado para os EUA. “Com isso, se o euro cair abaixo da paridade com o dólar, como já aconteceu antes em 2022, é bem provável que muitos europeus vejam o Bitcoin como uma boa opção de investimento”, analisou.

Demanda e adoção do Bitcoin

Para Pedroza, o aumento do preço de ativos digitais pode, também, ser influenciado pela adoção ampla dessas moedas na sociedade. 

“Se o Bitcoin e outras criptomoedas forem aceitos como meio de pagamento por varejistas e outras empresas, o preço dessas moedas pode ser impactado positivamente”, explicou o especialista. 

No entanto, se a adopção das criptomoedas no varejo e em empresas continuar a ser limitada, o efeito deve ser contrário.

Perspectivas dividem o mercado

Para Diego Almeida Califórnia, head de investimentos da DUX e especialista no mercado bitcoin, 2023 será um ano de aperto para o Bitcoin especialmente. 

“Em breve deve renovar mínimas, buscando patamares de 2019 e 2020. Vemos um mercado com baixa liquidez e que abre uma janela de compras interessante a longo prazo. Mas, para 2023, entendemos que o Bitcoin busca patamares entre US$ 10 mil e US$ 14 mil, e possivelmente se manterá estável em grande parte do ano”. 

Com isso, as perspectivas para a startup de games são mais negativas, já que na visão da casa, os patamares de US$ 20 mil ou US$ 25 mil dólares novamente demorariam para acontecer.

Mas, para Margarido, é de se esperar um 2023 de início de recuperação do próprio Bitcoin e dos maiores criptoativos do mercado. Ainda assim, para ela, ainda não é hora de imaginar um novo bull market. 

“O próximo halving – ciclo de quatro anos de renovação da moeda – do Bitcoin está previsto para 2024, quando esse novo ciclo de altas expressivas deverá iniciar. Mas, sem dúvidas, 2023 deve ser um ano muito melhor que esse, com projetos interessantes surgindo e valorizações importantes no mercado”, finalizou a especialista.