Desenrola: ações de bancos podem se beneficiar de programa

Para especialistas ouvidos pelo BP Money, os bancos podem se beneficiar do programa

Começa nesta segunda-feira (17) o Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplentes, o Desenrola Brasil. A iniciativa do Governo Federal se inicia para o público da Faixa 2 que atende à população com renda mensal de dois salários mínimos (R$2.640) a R$ 20 mil. Segundo o governo, o programa vai beneficiar 70 milhões de brasileiros que possuem dívidas.

Além de quem está com o nome sujo na praça, o programa tem potencial de ajudar quem vai ofertar o serviço. Segundo especialistas ouvidos pelo BP Money, os bancos podem se beneficiar do programa e mudar o cenário de perdas no Ibovespa acumulados em julho.

“A expectativa do programa nessa primeira etapa é poder beneficiar cerca de 30 milhões de devedores, ou seja, mais pessoas com o nome limpo e mais pessoas utilizando novamente as linhas de crédito. Além disso, as instituições financeiras poderão utilizar desses acordos como créditos tributários de forma antecipada em seu balanço, tendo como tendência melhores resultados”, avalia  o especialista em crédito bancário Gabriel Ramalho. 

Para o especialista em finanças e CEO do Hey Investidor, Yan Pedro, o programa vai ajudar a reverter a redução no lucros que os bancos tiveram nos últimos doze meses, período no qual foi verificado um aumento do índice de inadimplência no Brasil. Ainda segundo Pedro, as ações das instituições bancárias que aderirem ao programa tem grandes chances de valorização.

“Pensando que o programa Desenrola Brasil tem por objetivo facilitar a quitação de dívidas e diminuir o número de devedores, entendo que tende a ser bastante positivo para as instituições bancárias. Com o programa, muitas pessoas conseguirão pagar suas dívidas e deixar a inadimplência, podendo voltar a ter crédito no mercado. O relatório de inadimplência dos bancos refletem diretamente na qualidade do crédito, então quanto menor for esse índice mais atrativo a instituição será para o investidor e consequentemente, ele terá mais adesão”, analisou. 

Já o CEO da Transferbank, Luiz Felipe Bazzo, acredita que o programa não deve “salvar” os bancos, já que as dívidas consideradas neste programa são aquelas que realmente a chance de serem quitadas já eram muito baixas e cujo dinheiro a instituição já nem contava mais.

“Então os bancos vão aumentar sua carteira renegociada e, nessa carteira, eles vão ter uma redução a zero da inadimplência. Para as instituições que atendem a classe D e E e que têm uma carteira de crédito problemática, com crédito que não deveria ter concedido, é aí que eu vejo onde o programa pode fazer muita diferença […] Essa movimentação é benéfica do ponto de vista de nível geral de endividamento da população – no entanto, especialmente sobre os bancos, já que a medida deverá ajudar a ‘limpar’ as carteiras de crédito Pessoa Física, cujo impacto nos últimos balanços reportados foi negativo, demandando níveis crescentes em PDD (Provisão para Devedores Duvidosos)”, opinou Bazzo. 

O Desenrola vale a pena?

Nesta  primeira etapa do programa Desenrola Brasil, poderão ser renegociadas dívidas feitas até 31 de dezembro de 2022, pessoas com renda de até R$20.000 e os bancos terão de conceder parcelamento mínimo de 12 meses com juros de 1,99% ao ano. 

Nesse momento serão contempladas pessoas que possuem dívidas bancárias, como empréstimos, cartões de crédito, financiamentos entre outros. Dívidas de consumo como compras em lojas, contas de água, luz tem previsão de entrar no programa a partir de setembro. 

As renegociações serão feitas pelas pessoas juntamente com os bancos e instituições financeiras, via site ou até mesmo presencialmente.

Para Gabriel Ramalho, esta é uma boa oportunidade para o consumidor tirar o nome dos órgãos de proteção e voltar a ter crédito. Para evitar dores de cabeça futuras, o especialista em crédito bancário dá dicas de como fazer a negociação.

“É importante aproveitar essa oportunidade para fazer um acordo com condições mais flexíveis e com bons descontos, limpar o nome para poder voltar a comprar e conseguir mais crédito. Sempre lembrando que a pessoa deve se comprometer com uma parcela que de fato possa pagar, pois caso não cumpra o acordo terá novamente seu nome incluído nos órgãos de proteção ao crédito”, pontua.