A gestora MAM Asset Management, do Banco Master, criou um fundo para um cliente comprar todos os supermercados do Grupo Dia no Brasil, por um valor simbólico de € 100.
O Banco Master entrou em contato com o BP Money para esclarecer que a gestora não irá assumir as operações.
O Dia se comprometeu a injetar € 39 milhões para apoiar a recuperação judicial dos negócios brasileiros.
Para efetivar a operação, o Grupo Dia precisa ainda obter autorização das entidades financeiras do sindicato de bancos.
O banco de investimento com origem em Minas Gerais, controlado e comandado por Daniel Vorcaro, tem se destacado nos últimos anos na construção de um portfólio de participações relevantes em empresas brasileiras, algumas das quais em dificuldades financeiras.
São investimentos realizados, muitas vezes, por meio de gestoras ou fundos ligados ao Master, com a tese de recuperação das empresas em dificuldade, o que inclui a renegociação das dívidas com credores, e geração posterior de valor para os acionistas.
Venda das operações brasileiras é motivada por série de resultados negativos
De acordo com a companhia, a venda dos supermercados no Brasil é motivada pela sequência de resultados negativos, que culminou em um pedido de recuperação judicial em março.
No Brasil, as receitas do Grupo Dia totalizaram € 161,3 milhões, refletindo uma queda de 11,7% em comparação com o ano anterior.
Em termos comparáveis, o faturamento registrou uma redução de 10,4%. A empresa encerrou março com 587 lojas no país, uma diminuição de 3,1% em relação ao mesmo período de 2023.
A companhia havia anunciado um plano para fechar 343 lojas e três centros de distribuição para tentar trazer maior estabilidade à sua operação.
Segundo a empresa, o encerramento das operações no Brasil permitirá o maior foco nos mercados da Espanha e Argentina, que são mais rentáveis.
O Dia calcula que a operação terá impacto negativo de 101 milhões de euros nos seus resultados.
Grupo Dia: diversos fatores levaram a derrocada, diz especialista
A derrocada do Grupo Dia pode ser explicada por vários fatores. Segundo Bernardo Freitas, advogado especializado em Direito Societário e Sócio do escritório Freitas Ferraz Advogados, diversos motivos tornam o cenário delicado para as varejistas no Brasil.
“Existem diversos fatores que podem explicar a derrocada: o aumento do preço de alimentos, que constituem grande parte do que os consumidores de mais baixa renda buscam no Grupo Dia, e a expansão do modelo de atacarejo, que tem se mostrado mais eficiente”, explicou Freitas.
O advogado também acrescentou que a rede de supermercados sofre com a falta de qualidade nos seus estabelecimentos. Esse fator afasta clientes de maior renda, além de enfrentar uma alta alavancagem financeira.
Na véspera, o Grupo Dia anunciou a decisão de solicitar a recuperação judicial no Brasil, justificando que seus resultados são consistentemente desfavoráveis. O anúncio vem após a organização fechar 343 lojas no país e acumular uma dívida estimada de R$ 1 bilhão.