Ida de Lula à China pode beneficiar setor de commodities

O presidente Lula e sua comitiva estão na China e buscam estreitar laços com o país

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua comitiva estão na China, em sua terceira viagem internacional de seu mandato. O petista visita o presidente chinês Xi Jinping e alguns membros do Partido Comunista Chinês, em busca de fortalecer os laços entre os dois países e sacramentar vários acordos comerciais.

De acordo com analistas consultados pelo BP Money, os setores ligados à commodities poderão ser favorecidos com a ida de Lula ao país asiático.

“Todos os acordos que o Lula buscará fazer envolvem uma facilitação do comércio entre Brasil e China. Isso é uma ótima notícia do ponto de vista da economia brasileira. Os setores ligados à pecuária, à agricultura e à mineração poderão ser bastante favorecidos, por exemplo. Não é segredo que a China tenha interesse nas commodities do Brasil”, afirmou Licio da Costa Raimundo, professor de economia da Facamp.

O advogado César Beck lembra que muitos empresários ligados ao agronegócios estão presentes na comitiva do presidente Lula. Por conta disso, é esperado que muitos acordos que favoreçam esse setor sejam fechados entre o Brasil e a China. Além de empresários, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), também foi à China.

“O agronegócio sairá muito fortalecido desta viagem. Apesar do setor ter ficado muito conhecido por ser ligado ao ex-presidente Bolsonaro, muitos empresários do ramo foram à China e participarão das reuniões comerciais com Lula”, disse.

“É esperado que o Lula assine um acordo para que a certificação digital seja colocada em prática, algo que seria fundamental para a diminuição da burocracia dos exportadores brasileiros do agronegócio. Além disso, o presidente poderá firmar um acordo que possibilite que essas transações ocorram com uma operação direta entre yuan e real, tirando o dólar da equação”, acrescentou Beck. 

Lula pode fechar acordos de tecnologia

De acordo com Beck, o governo brasileiro também poderá fechar diversos acordos tecnológicos com a China. O analista lembra que Lula visitará Xangai, o principal centro financeiro do país, e terá reuniões com gigantes de tecnologia, como Huawei e BYD.

“Além de Pequim, Lula também passará em Xangai, principal centro financeiro do país, onde terá reunião com a gigante tecnológica Huawei e também com representantes da BYD. A Huawei é uma empresa importantíssima que já estuda a tecnologia 6G há anos, que, segundo a própria empresa, não será apenas uma atualização de velocidade e sim um grande salto nas comunicações no mundo e da maneira de como as informações são distribuídas”, afirmou.

“O Governo Brasileiro tem a chance de se colocar no mundo fazendo acordos com essas grandes empresas tecnológicas líderes nos seus setores. A BYD pode ser desconhecida do grande público, mas é a maior vendedora de carros elétricos do mundo e possui um valor de mercado maior do que empresas conhecidas no setor automotivo como Volkswagen, Ford, GM, BMW, Honda e Mercedes”, complementou Beck.

Além de negócios comerciais que favoreçam setores ligados à commodities, Emanuel Pessoa, mestre em Direito Internacional e doutor em Direito Econômico, acredita que Lula irá costurar um acordo para a criação de um satélite de monitoramento na Amazônia. 

“Lula deve costurar cerca de 20 acordos na visita à China, sendo um deles para a construção de um satélite de monitoramento da Amazônia, além do acordo para trocas comerciais em reais e yuans, e a certificação digital de produtos da pauta exportadora brasileira”, relatou Pessoa.

Como a visita de Lula afeta a Bolsa?

Diante da viagem de Lula à China, muitos investidores têm especulado sobre quais acordos o petista poderá fechar com o país asiático e como isso poderá afetar o mercado financeiro brasileiro. Apesar da apreensão dos agentes financeiros, Raimundo acredita que o Brasil e a Bolsa só têm a ganhar com o estreitamento de laços entre Brasil e China.

“A visita do presidente Lula à China deve apenas influenciar positivamente a bolsa de valores brasileira, na medida em que ela traz a abertura de perspectivas mais promissoras para relações comerciais, financeiras e culturais entre Brasil e China. Logo, eu imagino que o Brasil só tenha a ganhar com essa proximidade”, argumentou o professor da Facamp.

Segundo Beck, a ida do presidente brasileiro ao país asíatico pode tanto favorecer quanto prejudicar o mercado brasileiro. O advogado explica que as ações de mineradoras e ligadas ao agronegócio podem ser afetadas positivamente, por conta dos possíveis acordos comerciais que Lula poderá sacramentar com a China. Por outro lado, os papéis ligados à indústria nacional podem desvalorizar, pois o Brasil poderá facilitar a entrada de fábricas chinesas no País.

“Por um lado, as empresas ligadas ao agronegócio e setores extrativistas, como a mineração, podem ser fortemente impactadas positivamente. Por outro, dependendo dos acordos firmados, outros setores ligados à indústria nacional podem ter forte queda, pois a importação de produtos da China pode aumentar e até mesmo fábricas chinesas de produtos industrializados podem se instaurar no Brasil, criando uma competição difícil para aquelas empresas que produzem produtos com um maior valor agregado”, afirmou.