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JBS (JBSS3): senadores dos EUA mostram preocupação sobre os planos de listagem 

A companhia ressuscitou em julho um esforço de mais de uma década para listar suas ações na Bolsa de Valores de NYC

Um grupo bipartidário de senadores dos EUA enviou uma carta à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais norte-americano, expressando preocupações sobre a listagem das ações do frigorífico JBS (JBSS3) em Nova York. Os senadores solicitaram uma análise minuciosa do histórico criminal e ambiental da empresa, apontando que isso exporia os investidores a riscos. A carta foi enviada na quinta-feira (11).

Em julho, a maior processadora de carne do mundo retomou um esforço que já durava mais de uma década para listar suas ações na Bolsa de Valores de Nova York. Essa iniciativa visa acessar capital a custos mais baixos e expandir o alcance da empresa para um maior número de investidores.

A tentativa anterior da JBS de listar suas ações na bolsa de NYC foi prejudicada, em parte, por um escândalo de corrupção no Brasil em 2017. Em 2020, a SEC multou a JBS em 27 milhões de dólares para resolver outras acusações de suborno relacionadas à aquisição em 2009 da Pilgrim’s Pride, outra importante empresa de carnes dos EUA.

Listagem da JBS

Esses eventos, somados às alegações de ativistas ambientais de que as práticas de fornecimento de gado da empresa contribuem para o desmatamento da Amazônia, levantam “profundas preocupações” sobre a possível listagem, afirmaram os 15 senadores. Entre eles estão os democratas Elizabeth Warren e Cory Booker, além dos republicanos Marco Rubio e Josh Hawley.

“A aprovação da proposta de listagem da JBS sujeitaria os investidores norte-americanos ao risco de uma empresa com um histórico de corrupção flagrante e sistêmica, além de consolidar ainda mais seu poder de monopólio e encorajar suas práticas de monopólio”, escreveram eles na carta relatada pela primeira vez pela Reuters.

A JBS não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, mas disse que a listagem “melhorará sua governança corporativa e transparência”. A companhia é uma das quatro principais empresas de carne nos EUA, e, em conjunto, essas empresas abatem aproximadamente 85% do gado engordado com grãos no país.

Grupos ambientalistas instaram a SEC a negar a listagem da JBS, argumentando que as práticas de aquisição de gado da empresa contribuem para o desmatamento da Floresta Amazônica.

Um relatório de outubro dos promotores federais brasileiros revelou que aproximadamente 6% do gado adquirido pela empresa provinha de fazendas com “irregularidades”, como desmatamento ilegal, uma redução em relação aos 17% registrados no ano anterior. A JBS afirmou que corrigiu questões anteriores relacionadas às suas práticas de fornecimento.

Antes que a JBS possa submeter seu acordo de listagem para aprovação dos acionistas, a SEC deve certificar-se de que sua oferta esteja em conformidade com as regulamentações dos EUA.