Em um parecer de orientação ao Executivo, publicado nesta segunda-feira (30), a AGU (Advocacia-Geral da União) esclareceu entender que a recente decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Flávio Dino, sobre as emendas de comissão no valor de R$ 4,2 bilhões, suspensas por ele anteriormente, mantém o bloqueio total dos valores.
A suspensão dos valores ocorreu no dia 23 de dezembro em resposta a um pedido do PSOL. O partido apontou irregularidades no ofício assinado por 17 líderes partidários que alteraram a destinação de verbas de emendas de comissão de R$ 4,2 bilhões.
Dino publicou uma nova decisão no domingo (29) liberando parcialmente as emendas após a Câmara dos Deputados entrar com recurso e argumentar que as emendas foram devidamente aprovadas.
A AGU apontou que a decisão do ministro liberou os repasses relativos às emendas de comissão empenhadas até 23 de dezembro e que não são objeto do ofício questionado, segundo o “InfoMoney”.
Além disso, a orientação do órgão ao Executivo foi que adote a interpretação mais segura da decisão, ou seja, não autorizar os repasses desse ofício até nova decisão judicial, mesmo que tenham sido empenhados antes do dia 23 e sejam destinados à área da saúde.
A AGU fez sua interpretação partindo do trecho da decisão em que Dino declara a “nulidade insanável” do ofício da Câmara. O braço jurídico do Executivo determinou ser “inviável sua acolhida e seguimento, de modo que ao Poder Executivo fica definitivamente vedado empenhar o que ali consta”.
O ministro Flávio Dino fez uma ressalva, após esse trecho da decisão, em relação aos valores empenhados antes da suspensão dos efeitos do ofício, em 23 de dezembro.
Porém, a visão da AGU é que há uma “dúvida razoável” se essa ressalva alcança as emendas de comissão objeto do ofício.
“Não obstante a dúvida razoável, mostra-se, neste momento, prudente adotar-se a interpretação mais segura da decisão, no sentido de que, ao menos até ulterior esclarecimento judicial, não estão ressalvados os empenhos das emendas de comissão objeto do Ofício n. 1.4335.458/2024, ainda que anteriores a 23/12/2024 e ainda que em destinados à saúde”, diz o parecer da AGU.
Dino rejeita alegações da Câmara sobre emendas
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Flávio Dino, afirmou na sexta-feira (27) que a Câmara dos Deputados não apresentou as informações necessárias para o desbloqueio dos recursos. O ministro é autor da decisão que suspendeu o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares.
Dino reiterou seus questionamentos e críticas feitos anteriormente. O tema tem sido motivo de impasse institucional e de um embate entre Legislativo e Judiciário.
Na véspera, a Advocacia da Câmara havia enviado um documento ao STF em que afirmava ter cumprido as determinações da Corte e solicitava a liberação dos recursos.
A argumentação da Casa foi de que os parlamentares agiram de “boa-fé”, respeitando a legislação vigente e as interpelações jurídicas do Executivo. Além disso, afirmou que a aprovação das emendas ocorreu de forma transparente. As informações foram publicadas pelo “InfoMoney”.