Política

Torres foi avisado sobre risco de invasões no DF, diz Cappelli

Gabinete de Segurança Pública havia recebido um documento de inteligência, informando os riscos de uma invasão aos Três Poderes

Em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira (27), o interventor federal na Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, disse que Anderson Torres, ex-secretário de Segurança  Pública do DF, foi avisado sobre o risco de invasões na praça dos Três Poderes. 

“Está escrito textualmente em um documento entregue no gabinete do Secretário de Segurança Pública. Tinha ameaças de invasão a prédios públicos, e estava descrito, com tudo que poderia acontecer. Está documentado. Não faltou informação”, disse Cappelli em entrevista.

Segundo o relatório da intervenção, apresentado por Cappelli, o gabinete de Torres recebeu um documento de inteligência, que não foi levado em consideração para conter os vândalos golpistas.

O que houve foi um “repasse burocrático do ofício”, de acordo com Cappelli. Um plano de ação foi aprovado previamente pelo secretário, com diretrizes que deveriam levar a planos operacionais que não foram colocados em prática.

Anderson Torres não estava de férias no dia da invasão

Também na coletiva, Cappelli acrescento que Anderson Torres não estava oficialmente de férias em 8 de janeiro, como alegou, uma vez que o período iniciaria no dia seguinte. Na data das invasões, o então secretário de segurança pública do DF já estava nos EUA.

Um depoimento de Anderson Torres, que foi exonerado pelo então governador Ibaneis Rocha (MDB), divulgado nesta semana, mostrou que o ex-secretário disse que “jamais daria condições” para a invasão e depredação das áreas internas da praça dos Três Poderes, onde ficam o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto. 

Além de não estar trabalhando no dia da invasão, a Polícia Federal encontrou na casa de Anderson Torres uma minuta (proposta) de decreto para o então presidente Jair Bolsonaro (PL) instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A medida seria inconstitucional.

Torres foi preso no dia 15 de janeiro e permanece no 4º Batalhão da Polícia Militar (BPM) do Distrito Federal, no Guará.